São Paulo - Muitas empresas que entraram no futebol brasileiro de olho no lucro que os times poderiam dar estão contabilizando prejuízos. O fato, porém, era esperado. "Antes de acertarmos o contrato, fizemos um estudo de fontes de receita e, por isso, a falta de rentabilidade neste início não é surpresa", comenta o diretor-executivo da HMTF, parceira do Corinthians e do Cruzeiro, Dick Law. "Teremos uma grande surpresa se a situação for a mesma daqui a três anos."
No mês passado, o "buraco operacional" - a diferença entre as receitas e as despesas - do Corinthians foi de R$ 1 milhão, segundo o vice-presidente da empresa, José Roberto Guimarães. A situação só não é pior porque o caixa do time foi reforçado em US$ 22,5 milhões com a venda dos passes de Edílson e Vampeta. "Conseguimos equilibrar o orçamento", lembra o dirigente. "Não fosse isso a situação seria insustentável."
A péssima campanha do time, eliminado na Copa Mercosul e ameaçado de ficar fora da próxima fase da João Havelange, aumenta a preocupação. "A receita tende a diminuir e as despesas vão se manter", admite Zé Roberto. Uma das saídas, a curto prazo, deverá ser a negociação de mais jogadores.
Prejuízos e má campanha também não assustam o presidente da ISL Brasil, Wesley Cardia, que tem acordos firmados com Flamengo e Grêmio e pré-contrato com o Palmeiras. "A situação é a esperada", diz o executivo. "Estamos no início de operação e não estamos tendo lucro", prossegue. "Mas não somos uma empresa de caridade e esperamos ter retorno de nossos investimentos."
Mesmo não tendo conseguido fechar acordos com Santos e Atlético (MG), o presidente da Koch Tavares/Octagon, Luiz Felipe Tavares, acredita que o futebol é um bom negócio. O empresário sentiu na pele a falta de confiança dos investidores internacionais. "As coisas aqui mudam rapidamente, até as leis, o que assusta os interessados", lembra. "O dinheiro que seria destinado aos clubes brasileiros acabou indo para o Eintracht Frankfurt, da Alemanha."