- O jornal espanhol El Mundo ironizou as acusações que ajudaram a derrubar Wanderley Luxemburgo do cargo de técnico da seleção brasileira. Em uma matéria especial sobre os problemas e a crise de credibilidade de técnicos de todo o mundo, o jornal diz que "só faltou acusarem Luxemburgo de matar uma velhinha".
Nos últimos meses, as grandes potências do futebol se viram sacudidas por escândalos e conflitos relacionados a seus técnicos, afirma o jornal em sua edição de quinta-feira. "A profissão de treinador de seleção se converteu em uma profissão de alto risco, uma mescla de cadeira elétrica e guilhotina que consome e devora. Alemanha, Brasil, Inglaterra, Itália e Croácia viveram ou estão viviendo substituições traumáticas exploradas pela imprensa sensacionalista e dignas do mais obscuro folhetim venezuelano".
Depois de explicar o problema da Alemanha, onde o então técnico do Bayer Leverkusen perdeu o cargo e a possibilidade de dirigir a seleção alemã sob acusações de consumo de drogas e de ter contratado pistoleiros para amendrontar seus inimigos, o diário fala do Brasil.
"O ex-treinador (Luxemburgo) sofreu acusações de todo o tipo. Só faltou o acusarem de atentar contra o Papa e de matar uma velhinha", brinca o El Mundo. "Posse, consumo e tráfico de cocaína, relações sexuais com sua secretária e com várias prostitutas, cobrança de comissões por incluir na seleção jogadores recomendados por intermediários, negócios imobiliários confusos e, ainda por cima, maus resultados no campo. Estas são as acusações."
Luxemburgo foi durante quase dois meses o alvo da ira da imprensa e da torcida brasileiras, diz o jornal. "Era o culpado de tudo. Se a bola tivesse entrado, um país onde o futebol é mais importante que uma questão de vida e morte teria perdoado até um assassinato. Mas o Brasil se empenhou em oferecer uma péssima imagem nas partidas das Eliminatórias Sul-Americanas e Luxemburgo não teve como se defender."