São Paulo - Enquanto os jogadores do time do Corinthians treinavam, assediados pela imprensa e torcida, no Parque São Jorge, o zagueiro João Carlos treinava em separado, sozinho, no Centro de Treinamento de Itaquera. Ao lado do preparador-físico do Corinthians B, Marcelo Gomes, o jogador treinou a musculatura e deu uma corrida em volta do campo.
Apesar de mostrar-se tranqüilo, João Carlos não escondia a indignação com a diretoria e comissão técnica do time. "Isso é injusto, eu estou sendo o único culpado," disse, irritado. "É chato, mas tenho que obedecer, sou profissional e tenho que cumprir o meu dever." Hoje ele chegou em Itaquera, para cumprir o seu "castigo" e nem uniforme tinha para vestir.
O jogador acha que o fato de ter que treinar sozinho não significa que tenha de ser distante dos outros. "Podia estar lá no Parque, com os companheiros." João Carlos afirmou que a diretoria só lembra de um profissional quando ele erra. "Ninguém fala dos títulos que ajudei a conquistar aqui. Quando o time erra apenas a zaga é cobrada." Ele disse que pretende tirar proveito das críticas que vem recebendo e dar a volta por cima. "A torcida está contra mim agora, mas, os mesmos que jogam pedra, um dia vão aplaudir", aposta.
Profissional correto, disse que nos últimos quatro anos foi expulso apenas uma vez (contra o Coritiba, este ano). Aos 27 anos, este mineiro de Sete Lagoas, aposta na volta por cima. E deixa no ar a possibilidade de sair. "Meu empresário (Daniel Pereira) está mantendo alguns contatos e logo estou de volta," aposta.
João Carlos sonha em voltar à seleção brasileira e para isso, tenta permanecer no futebol paulista, que segundo ele, é a vitrine do futebol. Afirma nunca ter brigado no clube e ater muitos amigos aqui. "Sempre saio para jantar com a família do Maurício e tenho o apoio de todos no clube."
Descontração - No Parque São Jorge, o clima entre os jogadores é de tranquilidade, nem parecendo estar com uma série de sete derrotas seguidas. Ricardinho, hoje, chegou a levar o filho Bruno, de dez meses, para brincar no treino. Sobre problemas entre jogadores alegou: "Briga só existe por vaidade, quando o time está ganhando. Neste momento não existe nada".