Porto Alegre - Por pouco Émerson Leão não convoca um Lucimar para a seleção brasileira. Ao trazer o zagueiro do Guará para as categorias de base do Inter, em 1997, o diretor de futebol Fernando Carvalho cismou com seu nome. Para ele, um defensor chamado Lucimar certamente não imporia respeito suficiente aos atacantes adversários. Coube ao técnico dos juniores, Guto Ferreira, encontrar uma solução. Depois de sugerir Lúcio Silva e não ser bem-sucedido, Guto arriscou Lúcio, imediatamente aceito.
É o mesmo Guto Ferreira que tem convicção total de que o zagueiro será titular na partida contra a Colômbia, dia 15 de novembro.
"Lúcio é um vencedor. Para ele, não há limites. Tem temperamento tão forte que não gosta de perder nem par ou ímpar", disse.
Lúcio soube pela televisão que estava convocado. Até ali, mantinha uma prudente cautela. Mesmo acreditando que Leão reconheceria seu valor, não queria se precipitar. Afinal, tivera uma expectativa frustrada ao não ser chamado para o Pré-Olímpico, em janeiro. Agora, no entanto, já que foi convocado, está disposto a ganhar uma vaga no time titular.
"Sei que os outros zagueiros têm mais experiência do que eu, mas vou brigar dentro do campo", disse o brasiliense de 22 anos, fã de Dunga e dono de uma das mais impressionantes arrancadas do país, enquanto vestia ontem à tarde, no Beira-Rio, sem disfarçar o orgulho, a camisa da seleção.
A arrancada, aliás, é algo intuitivo, como lembra Guto Ferreira, citando Lúcio como um dos jogadores mais rápidos do país. Outra de suas virtudes é a liderança, segundo destaca o consultor para assuntos comportamentais, Nélson Spritzer. Por trás de um jogador aparentemente tímido, diz Spritzer, esconde-se uma personalidade forte e respeitado.
A análise mais ponderada parte do técnico Zé Mário. Satisfeito com a convocação de Lúcio, ele adota o mesmo comportamento que tem em relação aos outros jovens.
"Ele mesmo sabe que precisa melhorar em muitas coisas", diz.