São Paulo - O já esperado desmanche corintiano, que deveria ocorrer só depois do último jogo pela Copa João Havelange, dia 19, contra o América-MG, foi antecipado em duas semanas. O atacante Müller, que disputou apenas seis jogos pelo Corinthians nesta sua breve passagem pelo Parque São Jorge, ontem foi devolvido ao Cruzeiro. Hoje, a Diretoria deve anunciar também a saída do zagueiro Adílson. Mas a lista é muito mais longa e deve incluir até mesmo alguns titulares.
A dispensa de Müller já provocou um profundo mal-estar no elenco e aumentou ainda mais a insegurança dos jogadores. A ponto de o capitão Ricardinho, mesmo se esforçando para esconder a revolta, não suportou a pressão dos jornalistas e confirmou que pretende mesmo pedir explicações à Diretoria.
"Não gostaria de antecipar nada à imprensa, mas é claro que vou conversar com eles (os dirigentes)."
Mais até do que o medo do corte, o que deixou os líderes do grupo mais incomodados foi a notícia ter chegado aos jogadores por meio da imprensa.
Ninguém saiu criticando abertamente a postura do novo vice-presidente de Futebol, Antônio Roque Citadini, que confirmou a dispensa de Müller antes de avisar o grupo. Mas o dirigente deve ter entendido o recado dos jogadores.
Tanto é que ao deixar o vestiário, por volta das 19h, Citadini não quis confirmar a saída de Adílson. "Seria muito desagradável confirmar isso antes de falar com o jogador."
No entanto, o vice de futebol corintiano acabou admitindo que Adílson também está fora dos planos. "Há um clube interessado na sua contratação, mas não posso dizer qual", disse o dirigente. Em seguida, porém, confessou: "Além do mais, o Adílson me parece bastante desmotivado para continuar jogando pelo Corinthians."
O próximo candidato ao corte é o zagueiro João Carlos. Mesmo com a sua reintegração confirmada após duas semanas de suspensão - por ter se negado a ficar no banco de reservas contra o Sport - o seu futuro não será no Parque São Jorge. E foi dito pelo próprio Citadini, que se deixou trair pelo inconsciente. "O João Carlos não vai ser um bode expiatório de nada. Ele cometeu um erro mas já pagou por ele. Espero que tenha refletido bem sobre o seu erro e deve voltar a treinar com o resto do time, podendo ser aproveitado pelo treinador ou..." Antes de completar a resposta com um provável `ser negociado', Citadini desconversou. "Nada, deixa prá lá."
Desconfiados do `listão' que vem sendo anunciado pela imprensa, os jogadores começaram a acreditar no que têm lido. O goleiro Maurício, por exemplo, já não desconfia tanto do desmanche. "Sei lá, a gente vê tanta coisa na imprensa. Tenho contrato até junho de 2003 e vou continuar trabalhando. Se tiver de sair, saio de cabeça erguida. Se ficar, vou continuar dando o máximo pelo Corinthians, como sempre fiz. Mas é lógico que toda essa ansiedade acaba atrapalhando ainda mais a equipe."
Sem revolta Sem constrangimentos para encerrar a sua breve passagem pelo Corinthians, o atacante Müller foi comunicado pela manhã sobre a sua devolução ao Cruzeiro. Encarou tudo sem revolta, já que vai receber luvas e salários até o último dia de seu contrato. "Reconheço que não fiz um bom campeonato. As razões todo mundo sabe: jogadores fora de forma e acima do peso contratados em meio ao campeonato. Eu mesmo fui um deles. De minha parte, já estava preparado para voltar a Belo Horizonte. Tinha contrato só até dezembro. Normal."
Já o zagueiro Adílson, bastante nervoso, saiu mudo do clube. Em compensação, Dinei teve uma atitude totalmente oposta, garantindo que sai do Corinthians daqui a quatro jogos. Quase ao mesmo tempo, Roque Citadini desmentia a saída de Marcelinho e o interesse pelo ex-goleiro Ronaldo.