Rio - O Clube dos Treze ou mesmo a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) vão ter de submeter ao Conselho Nacional de Desporto (CND) a formatação dos próximos campeonatos brasileiros. A informação foi dada nesta segunda-feira pelo Ministro do Esporte e Turismo, Carlos Melles, durante solenidade na Associação Comercial do Rio de Janeiro. Ele explicou que o CND, a ser criado oficialmente em dezembro, vai ser um órgão normativo e fiscalizador e exigirá as justificativas para a inclusão na principal competição de futebol do País de um determinado número de clubes.
Melles chegou a afirmar que o ministério poderia até apoiar um campeonato paralelo se não houvesse um acordo com dirigentes de clubes e entidades. "Mesmo se tiver de ficar algum clube de fora, vai ser preciso uma explicação aceitável." O CND deve ter 15 integrantes e será presidido pelo ministro.
Melles disse ainda que o órgão vai ter participação direta na escolha de eventuais parceiros internacionais para próximas campanhas que definirão as futuras sedes de Copas do Mundo. "A CBF nos pediu apoio ao Mundial de 2006, o governo foi a público dizer que investiria uma grande soma para trazer a competição para o Brasil; depois, a CBF negociou o voto para a África do Sul; isso não vai acontecer mais", prometeu.
O ministro defendeu as duas Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs), tramitando no Senado e Câmara, que investigam irregularidades no futebol. Para ele, é inquestionável a autonomia da CBF, mas como a entidade é "ligada ao povo", o governo deve sim agir para, no mínimo, esclarecer dúvidas sobre um assunto "relacionado ao bem-estar dos brasileiros. "Engana-se quem pensa o contrário", disse. Ele considera a investigação no futebol um indício de que os torcedores, em geral, querem transparência. "A CPI é um mau necessário."
Melles voltou a falar sobre o fim do Indesp (Instituto Nacional de Desportos), um órgão, segundo ele, que perdeu a credibilidade por preocupar-se com bingos. Ele criticou a direção do Indesp, por não apoiar competições promovidas pelo ministério e pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB). "O Indesp tomava decisões não colegiadas, as quais a sociedade não reconhecia", afirmou.