São Paulo - O fracasso dos times paulistas na Copa João Havelange e a desorganização da competição não têm como conseqüências apenas a falta de público nos estádios e a baixa audiência dos jogos transmitidos pela televisão. O mau momento reflete-se também na redução das vendas de camisas, o que desagrada aos parceiros, que apostam na venda de produtos licenciados, e às empresas de material esportivo. E também aos lojistas, que reclamam do "encalhe'' de seus estoques.
O Palmeiras, por exemplo, que além de uma campanha que não empolga ainda terá suas camisas substituídas no fim do ano por conta do encerramento da co-gestão com a Parmalat, amarga redução de 60% nas vendas de seu produto.
Até as camisas do São Paulo, que fez boa campanha, estão saindo menos.
"Imagine então as do Corinthians'', disse Roberto Estefano, presidente da Cambuci S/A, fábrica da marca Penalty, fornecedora do Tricolor.
O Corinthians registra uma queda de 30%. E o impacto negativo só não é maior por conta do lançamento de 10 mil camisas comemorativas aos 90 anos do clube (uma réplica da utilizada em 1910), que se esgotaram rapidamente. "O futebol é cíclico e alguns bons resultados sempre ajudam a estabilizar os negócios'', diz Gilberto Alves, gerente de Marketing da Topper para Relações Esportivas.
Estefano não dá detalhes sobre produção e faturamento da Cambuci, mas assegura que as vendas caíram 25% em relaçao ao mesmo período de 99, "em função da desorganização do campeonato''. "O torneio está uma catástrofe'', resume.
Além do São Paulo, a Penalty é fornecedora oficial de Ponte Preta, Goiás, Atlético-MG, Bahia e Coritiba, que disputam o Módulo Azul, além de alguns times do Amarelo. A fábrica já reduziu sua produção em 25%.
Para Alves, o executivo da Topper, o resultado de um time tem influência decisiva nas vendas de camisas, cujos precos variam de R$ 50,00 a R$ 70,00, conforme o clube. A empresa fornece material para Corinthians, Vitória, Inter-RS, Botafogo, Sport e Cruzeiro, cujas camisas saindo bastante - os mineiros lideram a João Havelange. "Com os seis times em boa fase, o Corinthians é o líder do ranking'', garante Alves.
Avô fiel - David Dieschdruck, diretor da Redibra Marketing Service, empresa ligada a Hicks Muse, que administra a marca Corinthians, diz não estar preocupado com a fase do time. "O corintiano é fiel. Um avô não vai deixar de comprar uma roupa para o neto porque o time está mal."
Mas a Umbro, fornecedora do Santos, já começa a ampliar seu leque de produtos para não depender só da venda de camisas, que este ano sofreu redução de 30%. "A instabilidade do futebol brasileiro afastou o torcedor dos campos. Tínhamos de colocar nossas barbas de molho'', explicou o gerente de Esportes e Marketing da empresa, Frederico Aniya.