Brasília - A CPI do Futebol no Senado vai cada vez mais fundo na investigação dos clubes. O senador Romeu Tuma (PFL-SP) deve pedir o depoimento de representantes do Clube dos 13. A intenção é investigar a relação do Clube com a CBF.
"Tenho informações de que o estatuto da CBF não permite que se delegue tamanho poder aos clubes. Para quem eles prestam conta?", questiona Tuma. Os requerimentos devem ser aprovados na sessão da CPI, quinta-feira, quando também será ouvido o depoimento da ex-secretária de Wanderley Luxemburgo, Renata Alves.
O relator da CPI, Geraldo Althoff (PFL-SC) também quer pegar os clubes através dos empresários de futebol. Nesta terça-feira
Nesta terça-feira, a CPI aprovou a quebra de sigilo bancário de 20 empresários (os 19 cadastrados pela Fifa mais Luís Vianna, que foi descredenciado pela entidade).
Sabendo o valor que os empresários receberam em cada transação, os senadores querem bater os dados com os valores que os clubes declaram como tendo recebido pela venda dos passes. "Vamos checar os dados. O empresário fala que recebe 10%, 20%. Vamos saber o que eles receberam e checar com os dados que o Banco Central está mandando sobre as transações", diz Geraldo Althoff.
Os senadores também aprovaram requerimentos pedindo os dados do Inquérito Policial que apura irregularidades nos bingos, pedindo auditoria fiscal na Rhummell, empresa de material esportivo, e iniciou um trabalho de colaboração com a CPI da Câmara, pedindo que cópias de todos os depoimentos e documentos enviados para a CPI da Nike.
A comissão também aprovou uma nova lista de depoimentos, que inclui o jogador Leonardo, o empresário J. Hawilla, dono da Traffic, o ex-jogador Piazza, presidente do Sindicato dos Atletas Profissionais e de Weber Magalhães, presidente da Federação de Futebol do Distrito Federal. "O Leonardo já mostrou várias vezes seu descontentamento com o futebol brasileiro. Por isso, merece ser convocado para dar esclarecimentos", disse o presidente da CPI Álvaro Dias (PSDB-PR).
A CPI da Câmara teve o depoimento dos jornalistas Juca Kfoury, José Trajano, Flávio Prado e o ex-jogador Tostão. O depoimento virou um embate entre os jornalistas e a bancada ligada à Confederação Brasileira de Futebol, que foi liberada por Ciro Nogueira (PFL-PI), ligado ao River e Luciano Bivar (PSL-PE), presidente do Sport. Bivar fez provocações e questionou a importância da CPI. "Cada deputado ganha oito mil reais por mês e mais muito dinheiro. E estamos aqui discutindo futebol?", reclamou. Nenhuma denúncia nova foi trazida à tona.
Eurico Miranda travou uma batalha com o presidente da CPI, Aldo Rebelo (PC do B-SP), reclamando das acusações que foram feitas por Juca Kfouri durante o depoimento. Com menos de cinco minutos de sessão, teve seu microfone cortado por Aldo quando pediu para se defender durante a exposição de Kfouri.
O jornalista reafirmou denúncias contra a administração Ricardo Teixeira e pediu para ser ouvido em uma sessão secreta, onde poderia fazer outras denúncias sem o risco de ser processado. "Posso dar as pistas para que a CPI possa fazer as investigações. O trabalho do jornalista tem limitações", diz.
Eurico reclamou das constantes defesas que Juca Kfouri faz de Pelé e questionou a ética do ex-ministro dos Esportes, que quando fazia negócios com sua empresa de marketing esportivo, a Pelé Sports & Marketing, ao mesmo tempo em que ocupava o cargo no Ministério.
A CPI vai ouvir na quinta-feira o ex-presidente da Fifa, João Havelange.