São Paulo - Juan Figer Svirski, uruguaio, empresário de jogadores de futebol e que intermediou a venda frustrada do passe de Edu, do Corinthians, para o Arsenal, da Inglaterra, será ouvido no inquérito instaurado pela Polícia Federal, em São Paulo. Figer deverá explicar em que condições Edu obteve o passaporte português falsificado que impossibilitou a sua permanência no futebol inglês e provocou a sua volta imediata ao Brasil.
O delegado Antonio Wagner Castilho, da Delegacia Marítima e de Fronteiras (Delemaf), da Superintendência da PF, em São Paulo, é o responsável pelo inquérito e pela investigação. Além de Figer, serão chamados para depor outros empresários de futebol, jogadores e dirigentes de clubes que também intermediaram as vendas de passes de atletas que tiveram problemas e foram expulsos dos países por causa do documento falsificado.
Segundo o policial, o objetivo é esclarecer a maneira como os passaportes falsos foram conseguidos pelos empresários e jogadores. "Passaporte não é pastel", afirmou o delegado. Castilho mandou um ofício para a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) solicitando informações sobre os jogadores que usaram os passaportes e tiveram seus passes vendidos para os clubes do exterior.
"A CBF deve estar a par dos problemas enfrentados pelos jogadores brasileiros descobertos com passaportes falsos", acredita o delegado. Ele espera receber em pouco tempo "os nomes dos jogadores e dos empresários".
O inquérito instaurado esta semana apura a falsificação de documento público, o uso de documento falso e crime praticado por brasileiro no exterior (a apresentação de passaporte com informações falsas). A pena para estes tipos de crimes vai de um a cinco anos de prisão. A apuração pretende saber ainda se a falsificação foi feita no Brasil ou no exterior.
Cadastro - O delegado levantou no setor de cadastro de estrangeiros da Delemaf paulista a ficha de Figer. "O senhor Svirski é permanente no Brasil e pretendemos saber dele como atua na negociação dos jogadores", declarou.
O policial federal fez questão de esclarecer que a apuração não está relacionada ao contrato, mas "à contratação" intermediada pelos empresários com o atleta e os clubes, comprador e vendedor do passe. "Quero acreditar que, com as informações verdadeiras dos empresários e dos jogadores, poderemos chegar aos autores da falsificação."
Assim que as informações da CBF com os nomes dos jogadores acusados do uso de documento falso e de seus empresários chegarem à PF, Castilho vai consultar o consulado português, em São Paulo. "Vamos saber se os passaportes encontrados com jogadores como Edu e Warley e outros foram expedidos em São Paulo."
Se a resposta do consulado for negativa, Castilho vai pedir a ajuda da Interpol. "Pelo que sabemos, por meio da mídia e de denúncias, o passaporte português usado pelos jogadores seria bom e as informações falsas." Os documentos utilizados por Edu e Warley foram apreendidos pela polícia alfandegária da Inglaterra e da Itália. Castilho quer saber também se houve, em Lisboa, o furto de passaportes em branco que estariam sendo usados por jogadores de futebol do Brasil e da Argentina.