Santos - Rincón não sofrerá nenhuma punição por tentar agredir o diretor de Futebol Nicolino Bozella, quarta-feira à tarde, no saguão do hotel em que o time estava concentrado, em Santos. Esse foi o recado que o presidente Marcelo Teixeira mandou para os responsáveis pelo futebol no clube. O técnico Carlos Alberto Parreira não quis se envolver na confusão, afirmando apenas que os problemas fora de campo devem ser resolvidos pela Diretoria. Mas ele viu a cena e, óbvio, detestou.
Teixeira, que ao encostar Márcio Santos garantiu que "o Santos não é e nunca será refém de nenhum jogador", agora acha que não é momento para se tomar uma atitude mais drástica, já que o time apresentou sintomas de recuperação na vitória por 2 a 0 contra a Portuguesa, quarta-feira, na Vila, mantendo as remotas possibilidades de classificação.
Um reincidente - Rincón, que teve participação decisiva nas demissões dos técnicos Carlos Alberto Silva e Giba, além de ter privilégios, como prolongadas licenças para viajar à Colômbia e aos Estados Unidos, saiu fortalecido do episódio, uma semana depois de ter cedido às ameaças de Teixeira ao viajar para participar dos treinos em Jarinu. Na oportunidade, ao saber da resistência do jogador em viajar, o dirigente mandou avisá-lo que caso não mudasse de idéia poderia ser demitido. Rincón, que alegava inflamação do púbis, viajou na terça e na quinta-feira participou normalmente do coletivo.
E foi em Jarinu que o problema com Bozella começou. O dirigente dava entrevista a uma emissora de rádio e falava sobre os altos salários que o Santos paga a alguns jogadores, quando Rincón passou e ouviu o seu nome ser mencionado. No mesmo dia, Bozella retornou a Santos e não apareceu no Centro de Treinamentos nos dois dias anteriores ao jogo contra a Portuguesa.
A primeira vez que os dois se encontraram, após a entrevista de Bozella em Jarinu, foi na tarde de quarta-feira, no saguão do hotel. Ao avistar Bozella, Rincón ficou transtornado e partiu em sua direção, chegando a tentar atingi-lo com um soco. Foi contido por jogadores e seguranças do clube. Ouvido pela CBN/Santos à noite, o dirigente minimizou a tentativa de agressão, dizendo que apenas havia conversado com Rincón na concentração. E não foi visto no jogo da noite, na Vila.
Não foi a primeira vez que Rincón demonstrou sua antipatia pelos dirigentes do clube. Ao voltar de uma de suas viagens ao Exterior para cuidar de `assuntos particulares', ele ficou sabendo que o diretor Paulo Ferreira disse que não o havia autorizado a se ausentar do clube e reagiu com ironia.
"Se posso falar com o dono do circo (Marcelo Teixeira), por que vou falar com o palhaço (Paulo Ferreira)?"
Com as últimas atitudes, Rincón vem demonstrando que não vai mesmo continuar no Santos em 2001. E nem a Diretoria pretende manter o elevado padrão salarial do elenco para a próxima temporada. Assim, Edmundo (R$ 400 mil/mês), Rincón (US$ 170 mil), Caio (R$ 200 mil), Valdo (R$ 170 mil) e Carlos Germano (cerca de R$ 180 mil) devem ser os primeiros a deixar a Vila assim que a Copa João Havelange terminar para o time.
Parreira fica - O que já está definido é que Parreira será mantido como técnico, assinando um contrato de maior duração. Tanto que ele pediu para a Diretoria reservar a Chácara Santa Filomena, em Jarinu, para a pré-temporada. A sua idéia é realizar um trabalho de preparação de base mais prolongado - os jogadores vão treinar durante a semana em Jarinu e terão sábados e domingos livres para passar com a família. Sua idéia é repetir na Vila o que fez nas Laranjeiras, com o Fluminense, partindo do quase nada, orçamento modesto e formando, em pouco tempo, um time com condições de disputar títulos.
Para o jogo contra o Sport, amanhã à tarde, na Vila, o único desfalque será Claudiomiro, que recebeu o quinto cartão amarelo e cumprirá suspensão.
Sangaletti deve ser o seu substituto.