Belo Horizonte - O Atlético-MG desperdiçou boa chance de dar uma aliviada em seus endividados cofres com a eliminação na Copa João Havelange. Caso conquistasse o título da competição, o clube embolsaria cerca de R$ 4 milhões.
As contas são do superintendente de futebol Eduardo Maluf, que calcula uma perda de R$ 3 milhões em prêmios e outro R$ 1 milhão em bilheteria (partidas das semifinais e final). As esperanças, agora, estão depositadas na milionária Copa Mercosul - se o time superar o Palmeiras nas semifinais, poderá embolsar US$ 1 milhão (e mais US$ 3 milhões se for campeão).
Além de lamentar o prejuízo financeiro, que ajudaria a aliviar um pouco as dívidas que o clube tem - cerca R$ 25 milhões -, o Atlético também teve arranhada sua imagem diante da torcida, que já não acredita tanto na classificação para as finais da Mercosul.
A diretoria discute esta semana uma promoção no preço dos ingressos para motivar os atleticanos a comparecerem no segundo jogo contra o Palmeiras, dia 29, no Mineirão, independente do resultado da primeira partida - quarta-feira, dia 22, em São Paulo.
“Foi uma campanha ruim pela qualidade técnica de nossos jogadores, com resultados abaixo das expectativas. Esperávamos mais de nossos jogadores", disse Eduardo Maluf, que, no entanto, admite parcela de culpa da diretoria nestes resultados. “Eles também podem dizer o mesmo, que esperavam mais da gente", pondera o dirigente, referindo-se aos salários, quase sempre atrasados.
O superintendente de Futebol do Atlético não tem uma explicação única para explicar o fracasso da equipe na Copa João Havelange. “Não é desculpa, mas o atraso no pagamento dos salários atrapalha, sim. E nem podemos falar que o time priorizou uma só competição, a Mercosul. Isso só aconteceu neste segundo jogo com o Boca Juniors, quando nossa classificação na João Havelange já estava muito difícil", admite o dirigente, que lembra outros dois problemas: a falta de recursos para a contratação de reforços de peso e as contusões em sequência, que dificultaram um entrosamento. “Mas, ainda sim, não temos o direito de cobrar com a mesma desenvoltura se tivesse tudo certo", opina Eduardo Maluf.
Mesmo com tantos problemas, a diretoria do clube esperava um rendimento melhor do Atlético na disputa da Copa João Havelange. A campanha da equipe decepcionou - até agora, foram 27 pontos em 22 jogos, uma aproveitamento de 40,9%. Ainda assim, Eduardo Maluf faz uma ressalva. O desempenho do time no primeiro semestre de 2000 foi satisfatório.
O dirigente lembra que, neste ano, o Atlético se superou em duas competições. Chegou às semifinais da Copa do Brasil e disputou as quartas-de-final da Libertadores, sendo eliminado pelo Corinthians. “Foi o melhor desempenho do clube nestas duas competições em toda a sua história", comemora Maluf, que lembra ainda a convocação de quatro jogadores para a Seleção Brasileira - os atacantes Marques e Guilherme, o zagueiro Cláudio Caçapa e o goleiro Velloso. “Isso não foi por acaso. O Atlético passava por bom momento", ressalta.
Mas, admite que tudo isso não compensa o que o clube - e os torcedores - vêm passando nos últimos meses. “Não quero tapar o sol com a peneira. Infelizmente, o que marca é o momento", conclui Eduardo Maluf, que vai esperar o final das competições para se reunir com o restante da diretoria e pensar em dispensas ou renovação de contratos. Del Toro e Capria têm grandes chances de permanecer.