São Paulo - Já se foi a época em que, no futebol brasileiro, os atacantes - com exceção de Romário - eram o centro das atenções por suas grandes partidas pela seleção brasileira. Após a suada vitória por 1 a 0 sobre a Colômbia, Lúcio e Roque Júnior, os zagueiros do time transformaram-se nos principais jogadores da seleção neste início da era Leão.
Em apenas uma partida, muito mais pela carência de ídolos e pela atuação apagada dos atacantes Edmundo e França, o jovem Lúcio, devido à sua boa atuação, e Roque Júnior, autor do gol da vitória, foram tratados como heróis, quinta-feira, por onde passavam, contrastando, por exemplo, com o momento de Rivaldo, considerado o melhor jogador do mundo, mas que foi muito vaiado pela torcida.
O Internacional, clube onde Lúcio joga, havia adiantado que o zagueiro seria poupado na partida decisiva que a equipe fez na noite de quinta, diante do Atlético Paranaense, pela Copa João Havelange. "É desumano fazer o jogador atuar 180 minutos em menos de 48 horas", disse o técnico do Inter, Zé Mário, que deve ter se arrependido depois de ver sua equipe perder em Curitiba.
Esta regalia é rara em se tratando de futebol brasileiro, onde os clubes não costumam poupar seus jogadores, mesmo com o excesso de jogos.
A diretoria do clube gaúcho, por sua vez, também já está pensando na valorização que o zagueiro deve ter após o jogo de quarta-feira. Lúcio, de 22 anos, chegou ao clube vindo do Guará, em 1997, com o passe comprado por R$ 100 mil.
Para o coordenador de futebol do Inter, Rogério Delagnese, após a partida contra a Colômbia, o passe de Lúcio passou a valer pelo menos US$ 7 milhões.
Segundo Delagnese, Lúcio é muito superior ao zagueiro Scheidt, do Corinthians. Quando atuava no Grêmio, Scheidt foi negociado com o Celtic Glasgow, da Escócia, por US$ 6 milhões.
O zagueiro Roque Júnior, vive um momento especial em sua carreira. Seu futebol vem agradando aos torcedores do Milan, equipe em que passou a atuar no segundo semestre. Seu passe foi negociado por US$ 16 milhões.
Na seleção, Roque Júnior não havia conseguido firmar-se devido às seguidas contusões. Como titular, havia atuado nas eliminatórias diante do Paraguai, quando o Brasil perde por 2 a 1.
Seus problemas musculares, no entanto, o atrapalham constantemente. Logo após a partida contra a Colômbia, ele deixou o Morumbi mancando. "Não é nada", falava, dando a entender que já está acostumado com estas situações.
Ao lado do lateral-esquerdo Júnior, o zagueiro passou a tarde de quinta no Centro de Treinamentos do Palmeiras, sua ex-equipe. Foi reverenciado por todos os ex-companheiros. Roque Júnior preferiu comemorar seu dia seguinte de herói sem muita badalação e com humildade.
"O que aconteceu ontem já passou, a gente tem de viver o presente", disse o jogador. Sobre o jogo contra a Colômbia, o zagueiro se limitou a falar que foi um momento importante em sua carreira, mas que já havia passado por outras situações especiais. Roque Júnior, evitando mostrar empolgação, disse que este é o início de um longo caminho a ser percorrido e que não tem vaga garantida na seleção.
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