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Excursão da CPI a Portugal deve ter poucos resultados
Sábado, 18 Novembro de 2000, 14h07

Lisboa - Deve ter poucos resultados a viagem que integrantes da CPI do Futebol farão a Portugal para verificar o que o governo daquele país está fazendo a respeito da utilização de passaportes falsos por jogadores na Europa. "Tecnicamente, a questão diz respeito às autoridades italianas ou inglesas. Estamos no terreno apenas para colher informações", diz Joaquim Pedro de Oliveira, do Departamento de Investigação do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.

A investigação portuguesa pretende apenas apurar a origem dos passaportes falsificados. "Pedimos os números dos documentos para verificar se são falsificados ou de emissão fraudulenta", afirma Antônio Lencastre Bernardo, diretor do mesmo departamento.

O objetivo é verificar se fazem parte de alguns lotes de centenas de passaportes em branco que foram roubados de consulados portugueses há vários anos. "Foi uma onda de assaltos a consulados que atingiu portugueses, espanhóis e austríacos", lembra Lencastre. "Os consulados portugueses nem foram os mais atingidos."

A última vez que estes passaportes foram detectados foi quando um grupo de dez pessoas vindo do Sri Lanka tentou entrar na Alemanha como se fosse da União Européia. Segundo Lencastre, é mais fácil ter um passaporte emitido fraudulentamente do que falsificado, porque os fraudulentos são passaportes legítimos em branco, que basta preencher.

Se os jogadores apanhados com passaportes falsificados forem condenados pela Justiça italiana, poderão ser impedidos de entrar na maior parte dos países da União Européia. "Se a Itália der uma pena de expulsão, nenhum país do espaço Schengen, em que os controles de fronteira não são rígidos, vai aceitar a entrada deles", explica Oliveira.

Para Lencastre, foi "falta de esperteza" os jogadores da Udinese viajarem para a Polônia com passaportes falsificados. "Imagine que eu sou um funcionário do serviço polonês de fronteiras e que meu time vá jogar com os italianos", diz. "Eu, provavelmente, leio sobre o time e fico sabendo que tem dois jogadores brasileiros. Quando chegam, só vejo passaportes europeus - é natural que eu vá verificar."

Segundo Eduardo Silveira, do gabinete de Imprensa do secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, mesmo que tenham direito à nacionalidade portuguesa, os jogadores apanhados com passaportes falsificados terão dificuldades. ‘É uma coisa que demora pelo menos dois anos e nós ficamos com o nome."

Para evitar que ocorram novas falsificações, a partir de janeiro, Portugal vai adotar novos passaportes. "Vão ter fotos digitalizadas, assinatura digital, sistema de leitura ótica e registro on-line", explica Oliveira.

Agência Estado


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