Belém - Não basta ganhar, tem de comemorar. Os torcedores do Remo aproveitaram a segunda-feira para continuar a comemoração pela classificação do clube à elite do futebol brasileiro, passando pelo arqui-rival, o Paysandu. Por isso, não faltaram ontem os “defuntos” bicolores pelos bairros de Belém.
Em Val-de-Cães, na área do Conjunto Catalina, moradores cavaram um túmulo para o Paysandu, que foi eliminado pelo Remo no último domingo. A cova foi aberta em plena pista de areia na Rodovia dos Trabalhadores, sob gozações dos remistas de diferentes idades. No local, havia até um padre para celebrar a extrema unção ao clube alviceleste na Copa João Havelange. Os bicolores choravam mais que carpideiras em velórios e sepultamentos.
O torcedor azulino Bazileu Rodrigues, 25 anos, é animador de festas infantis e ex-chefe de torcida organizada do Remo, a Piratas Azulinos. Tão logo saiu da torcida organizada, Bazileu montou um grupo de torcedores do Leão Azul, com charanga, intitulado Amigos Azuis, há três anos.
"Todo mundo aqui é anti-Paysandu e remista doente", afirma Bazileu, que faz cursinho-pré-vestibular, informando que 35 pessoas formam o Amigos Azuis. O grupo de torcedores foi ao estádio Mangueirão, assistir ao Re x Pa, deixando quatro grades de cervejas gelando e feijoada e organizaram o caixão do Paysandu, tudo de véspera. Eles contrataram um carro da funerária com um caixão de verdade, compraram uma bandeira bicolor para enrolar o caixão, compraram uma camisa bicolor para vestir um dos componentes do grupo para que fosse chorando sobre o caixão.
Outro velório bicolor, com flores e velas, saiu às 10 horas de ontem, do cruzamento da rua Pariquis com a travessa Castelo Branco. O itinerário foi pela Pariquis, 9 de Janeiro e retornou ao local de saída. Desde o início da tarde, os foliões remistas comemoraram o ingresso do Remo no grupo principal de clubes do futebol brasileiro, com aparelhagem de som e um caixão menor do Paysandu, o qual foi atirado no Cemitério de Santa Izabel, no início da noite.