São Paulo - O Corinthians já tem apalavrado o seu primeiro reforço para 2001: o atacante Guilherme. A diretoria do Atlético-MG recebeu uma proposta e está esperando o fim da Copa Mercosul para fazer dinheiro com o artilheiro. Foi tudo acertado entre os dois clubes e o jogador. O negócio deve sair por US$ 7 milhões.
"Recebemos a proposta e só estamos esperando acabar a nossa participação na Mercosul para resolvermos de vez a situação. O Corinthians terá de chegar com dinheiro vivo. Essa é a nossa única exigência. Não queríamos vender um jogador com o potencial do Guilherme, mas não podemos fazer nada", diz o diretor de futebol da equipe mineira, Eduardo Maluf.
Guilherme, de 26 anos, confirma o negócio. "Sei que a diretoria do Atlético já acertou a minha saída. Está tudo certo. Só posso dizer que é com um clube grande e forte do futebol brasileiro. Mais não vou revelar." A oportunidade de voltar para o futebol paulista - ele já jogou no São Paulo - teve uma grande influência na transação. "Olha, jogar no futebol de São Paulo é muito diferente do que atuar em Belo Horizonte."
O interesse corintiano foi crescendo com o passar dos meses, até que se concretizou no final da participação do clube na Copa João Havelange. Mas, a negociação de Guilherme só está saindo porque a situação do Atlético Mineiro é caótica. "Acreditamos no pessoal do Octagon, que nos vendeu a idéia da parceria no começo do ano e não deu certo. Temos R$ 60 milhões de dívidas. Precisamos nos capitalizar. Vamos vender dois jogadores de ponta. Temos de levantar pelo menos US$ 15 milhões", revela Maluf.
O passe de Guilherme não pertence só ao Atlético. A endividada diretoria do clube repassou metade do passe do atacante e do zagueiro Cláudio Caçapa à rede de supermercados "Mineirão", por US$ 10 milhões. Guilherme lamenta: "É triste ver o Atlético devendo, com salários atrasados. O presidente Nélio Brant me autorizou como capitão ver qual jogador está em pior situação financeira e ajudar. Nosso grupo tem muita garra para conseguir esquecer essa falta de dinheiro e lutar dignamente pelo Atlético. Mas quero que fique registrado que no futebol brasileiro só quatro clubes pagam em dia. O resto atrasa mesmo."
Guilherme não gosta que seja divulgado, mas várias vezes deu dinheiro seu para jovens jogadores do Atlético. O técnico Nedo Xavier concorda que o ambiente no clube ficou tenso por causa da falta de dinheiro. "Olha, é duro. A responsabilidade dos jogadores passa a ser total. Dependemos do esforço deles. O poder de cobrança diminuiu. Mas não tenho como reclamar do caráter desse time. O Atlético ganhou o Campeonato Mineiro do rico Cruzeiro. Fez a sua melhor participação na Copa do Brasil e na Mercosul. Eles são jogadores e homens."
Guilherme é o jogador de personalidade mais forte do grupo. Foi ele quem abraçou e deu força a Marques, que estava deprimido com o fracasso da sua venda ao Benfica. "Temos de ter força porque precisamos ganhar a Mercosul para a situação financeira do Atlético melhorar. Essa talvez seja a minha última missão neste clube", deixa escapar o atacante.