São Paulo – O veterano atacante Carlão oficializou nesta segunda-feira sua decisão de abandonar as quadras. Depois de assinar um contrato com o Vasco, o jogador realizou exames médicos que indicaram que o problema de hérnia de disco lhe impediria de disputar a Superliga. Com isso, o atleta preferiu se aposentar e agora estuda a possibilidade de voltar para o vôlei de praia, menos desgastante. Veja a seguir a íntegra da nota distribuída pelo jogador:
“O Voleibol entrou na minha vida de repente, e eu já estava com 18 anos de idade. Foi dessas paixões fulminantes que viram um amor sem fim. Aos vinte e um, cheguei à Seleção Brasileira. Foram quatorze anos defendendo o Brasil, vivendo as maiores emoções que um atleta pode viver. Conquistamos os títulos mais importantes, e a emoção foi sempre imensa. No início deste ano, em janeiro, depois de quinze anos na Seleção, eu chorei quando recebi o troféu pela conquista do Torneio Pré-Olímpico, como chorei com a medalha de ouro olímpica no peito, em Barcelona/92.
Nos clubes, tive sempre o mesmo comportamento. Gosto, principalmente, da competição, da vitória, não sei fazer nada pela metade. Foram cinco títulos brasileiros, dois italianos, títulos europeus, muita dedicação, muitas lições. Agora, começaria um novo desafio ao qual pretendia me entregar com a mesma paixão de sempre, de quem não consegue viver sem o vôlei.
O Vasco montou uma grande equipe para disputar a Superliga 2000 e, mais importante, talvez, impulsionou de novo o voleibol do Rio de Janeiro. Seria uma grande honra participar dessas campanhas – pelo título nacional e pelo crescimento e consolidação do esporte numa cidade tão importante... Mas, como jogador, não será possível.
Tenho enfrentado há alguns meses dores provocadas por uma hérnia de disco na coluna cervical. O Vasco me deu três meses para que fosse feito o tratamento. Durante esse tempo, preferi desenvolver um treinamento na areia para tentar preservar a preparação física, um pouco do ritmo. Na areia, as dores foram bem menores. Infelizmente, quando voltei à quadra, a hérnia voltou a incomodar mais.
Fui capitão da Seleção Brasileira por muitos anos e sempre soube como união é importante. Só ela, claro, não basta, mas sem união a derrota é questão de tempo, é certa. Eu não podia deixar o Vasco esperando por mim, o grupo precisava estar definido, entrosado, afinado. Eu precisava estar com a equipe por inteiro, mas não posso. Voltar à praia pode ser um caminho, se eu decidir continuar jogando.
Não pensem que eu vou me separar do vôlei, pois, como disse no início, esse é um amor sem fim. Muitas coisas me fazem ter a certeza de que vou continuar brigando pelo nosso voleibol. Fico pensando, por exemplo, que, se nosso calendário fosse menos puxado – hoje são três jogos por semana, em média! –, se em todos os ginásios onde jogamos houvesse o piso especial que absorve o impacto, eu poderia estar começando mais uma Superliga, que disputaria com a raça de sempre.
Muito ainda precisa ser feito para que o voleibol do Brasil volte a ser o melhor do mundo e permaneça no topo, essa a parte mais difícil. Todos os que amam o vôlei precisam estar juntos, unir esforços. Fiz o que pude como jogador, nas quadras de todo o mundo. Agora, começam novas batalhas e quero continuar colaborando.”