São Paulo – Mesmo com a ciumeira dos treinadores, o auxiliar e espião de Bernardinho, Chico dos Santos, acredita que não terá problemas para ver os brasileiros jogarem. Ele disse ainda que concorda com a indignação de treinadores como Ricardo Navajas, do Suzano.
"Entendo o motivo pelo qual eles estão chateados, mas foi uma opção da CBV e não dá para alegrar a todos", declarou. "Se estivesse no lugar deles, também ficaria magoado, mas agora é preciso deixar o ego e a vaidade de lado para pensar no vôlei em geral."
Chico, que encerrou sua carreira de treinador em 1998, no time feminino do MRV/Minas, esteve em Tubarão (SC) na última semana, assistindo à Supercopa dos Campeões e gravou as primeiras seis fitas. Destacou alguns jogadores de meio-de-rede, principalmente Gustavo, do Banespa. Aproveitou para fazer as contas de quanto tempo em média ficará na frente da televisão editando seu material com simples videocassetes. Para elaborar um trabalho de passe e ataque de um time que atuou cinco sets perderá mais de 12 horas assistindo televisão.
Mesmo acostumado com quartos de hotel, comida de avião, centenas de fitas de vídeo empilhadas na sala da casa e a distância da família, Chico dos Santos prepara-se para a missão mais longa, tediosa e de extrema responsabilidade da carreira.
Ele vai ficar cerca de cinco meses viajando entre cinco estados brasileiros numa verdadeira corrida contra o tempo. Busca o maior número de informações sobre atletas da Superliga masculina para que Bernardinho faça sua primeira convocação para a Liga Mundial, em 2001.
A maior jornada longe de sua casa - ele mora em Curitiba - foi ao acompanhar a seleção feminina no Grand Prix deste ano. Ficou 40 dias na China e na seqüência (esteve apenas quatro dias no Brasil), embarcou para a Austrália, para a Olimpíada. Foram mais 40 dias longe da família. "Agora vou ser mais nômade do que nunca."
Chico explica que pretende assistir ao maior número de jogos possíveis da Superliga, além de ficar cerca de cinco dias acompanhando os treinos de todos os clubes em suas cidades. As partidas que não conseguir assistir, pedirá ajuda para os clubes que geralmente produzem material de filmagem.