Lisboa - A proximidade de brasileiros e portugueses faz de Gustavo Kuerten a principal estrela entre os oito jogadores classificados para o Masters Cup de Lisboa. O idioma é a chave. Guga, sempre bem humorado, caprichou no sotaque luso para pedir um favor a um operário que trabalhava nos arremates da quadra do Pavilhão Atlântico, local dos jogos. 'Oh, pá: podes parar de fazer barulho com esta furadeira até o fim do treino...obrigadinho'.
O norte-americano Pete Sampras - parceiro do brasileiro no treinamento - já havia tentado pedir silêncio, em vão. Foi então necessário que Guga se aproximasse para que o problema fosse resolvido.
Na entrevista de apresentação dos oito classificados, Guga era o mais assediado. No Masters, a coletiva segue uma bem bolada tradição. Cada tenista fica sentado numa mesa redonda e quem quiser aproxima-se para as perguntas. Funciona como uma espécie de termometro para medir o brilho de cada um. Lleyton Hewitt, de cara amarrada, estava quase sozinho. O sueco Thomas Enqvist, apenas o reserva na competição, não tinha com quem conversar.
Na mesa de Guga faltava lugar para sentar, assim como na de Marat Safin, Pete Sampras e Andre Agassi.
Guga estava simpático e parecia mesmo sentir-se em casa. Elogiou a quadra, a organização e a receptividade em Portugal. Espera pelo forte apoio da torcida e promete retribuir com boas atuações.
“Estou na minha melhor forma', garantiu Guga. 'Fiz um bom treino com o Sampras, gostei da quadra - não está muito rápida - e o ambiente é fantástico.' A superfície do Pavilhão Atlântico de Lisboa é de Taraflex, um piso de madeira coberta por uma resina emborrachada. O fabricante deste material é francês, mas, por feliz coincidência os instaladores, técnicos e responsáveis pela montagem da quadra, são quase todos portugueses. Por isso, o organizador do evento, João Lagos, confidenciou que iria pedir aos patrícios para que a fórmula da resina deixasse o piso o mais lento possivel, com objetivo de facilitar as coisas para Guga.
O tenista brasileiro, depois do treindo com Sampras, fez elogios. “A quadra não é tão rápida", disse. “Por ser coberta nunca vai ser lenta como eu gosto, mas dá para trocar bolas de fundo de quadra, como é meu estilo." Guga revela ainda que sua confiança neste tipo de superfície cresceu bastante nas últimas competições e revelou ter esperanças de lutar pelo título e concretizar o sonho de terminar o ano como número 1 do mundo. Para isso, precisaria vencer Safin nas semifinais.
O tenista russo, atual líder, também demonstrou confiança na possibilidade de fazer um bom torneio. “Estou 100% e esta é uma semana em que temos de dar tudo", disse Safin. Também muito assediado, Sampras, o campeão do Masters, em Hannover, ano passado, elogiou Safin e Guga. “Eles merecem estar na liderança do ranking", reconheceu o norte-americano, que já venceu esta competição por cinco vezes. “Tanto o Safin como o Kuerten são os melhores da temporada."
Guga também foi muito perguntado sobre a troca de gerações no tênis, em que ele e o russo Marat Safin representam a nova safra e Andre Agassi e Pete Sampras, a velha. “Aqui nós temos quatro jogadores muito jovens, eu, o Safin, o Norman e o Hewitt, dois que podem jogar muitos anos, o Corretja e o Kafelnikov e dois que já estão aí há muito tempo, o Agassi e o Sampras. O que eu espero é que o Agassi e o Sampras parem de jogar logo para nos deixar mais tranquilo", brincou.