Rio - A estudante de Direito Renata Carla Moura Alves afirmou nesta quinta-feira que vai solicitar uma cópia da fita com o depoimento do ex-técnico da seleção brasileira Wanderley Luxemburgo à CPI do Futebol, no Senado, para entrar com novos processos contra ele. As acusações de chantagem e todas as negativas de Luxemburgo sobre um envolvimento amoroso com ela provocaram sua ira.
"É claro que ele vai negar tudo. Ele está doido, doido! Meus advogados estão dando gargalhadas com as declarações dele." Renata acrescentou que não vê nenhum problema em passar por uma acareação com Luxemburgo, no Senado.
Ela disse que não precisava chantagear o técnico, pois tem a receber R$ 1,4 milhão, de um processo trabalhista movido contra ele, em 1997.
Nesta ação, ela obteve sentença favorável. Para Renata, a maior prova da mentira do treinador é o fato de ele ter declarado desconhecer a conta corrente de sua mulher, Josefa Costa Santos Luxemburgo, em Miami, nos Estados Unidos. "O depoimento dele foi um fiasco."
Irritada com as declarações de Luxemburgo, Renata negou ter aberto qualquer conta em seu nome para movimentar o dinheiro dele. Na CPI, o ex-treinador reconheceu a abertura de duas contas correntes no Banco Real, na Rua Buenos Aires, Centro. Uma em seu nome e a outra no de Renata.
Segundo a estudante, toda movimentação feita com o dinheiro do ex-treinador era por meio de contas dele. Além de declarar o desconhecimento dessas contas, Renata disse possuir somente uma conta corrente, em outro banco, que utilizava para pagar suas despesas particulares.
Luxemburgo negou ter freqüentado um casarão conhecido por "embaixada", na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, onde, de acordo com Renata, ele realizava negociações com empresários envolvendo jogadores. "Como ele pode negar se o próprio dono do imóvel revelou tê-lo visto lá", disse a estudante.
O português Emanuel Antônio Gomes Domingues, um dos proprietário do imóvel onde estava localizada a "embaixada" até 1996, admitiu ter escutado "boatos" da presença de pessoas ligadas ao futebol no local.
Ressaltou, porém, que nunca viu Luxemburgo, empresário ou jogadores na casa. "Emprestava o imóvel, na época uma mansão, para amigos. Não sabia quem freqüentava lá. Se me convocarem vou à CPI, porque não devo nada a ninguém." Mais calma, Renata considerou que o depoimento de Luxemburgo foi ruim, contraditório e só serviu para incriminá-lo ainda mais. Ela ressaltou ter sempre recebido ordens dele.
A estudante ainda contou que um de seus nove advogados acompanhou o depoimento do ex-treinador da seleção, em Brasília: o criminalista Gastão Filho. "O Wanderley usa requintes de crueldade para tentar me incriminar. Sou mais uma vítima desse maldoso."