Porto Alegre - Os dois viraram os meninos de ouro do Internacional com a ascensão na Copa João Havelange. Qualquer que seja o resultado na partida da tarde deste sábado contra o Cruzeiro, Lúcio, 22 anos, e Fábio Rochemback, 18, fecharão a temporada com a cotação em alta. Viraram diamantes valiosos em tempos de cofres raspados no Beira-Rio.
Lúcio acabou o ano como titular da zaga-central da seleção brasileira. Na CBF, comenta-se uma futura convocação de Fábio para a equipe sub-20, que disputará o Sul-Americano em janeiro. Na semana passada, representantes do Bayern de Munique, e da Internazionale de Milão foram à Arena da Baixada vê-lo enfrentar o Atlético-PR. O Bayer Leverkusen ofereceu US$ 8 milhões pelo seu passe.
Os resultados aparecem também fora de campo. Lúcio estuda propostas de interessados em cuidar da sua imagem e assinou contrato de patrocínio com a Nike, uma das maiores fornecedoras de material esportivo do mundo. Treina no Beira-Rio com chuteiras brilhantes e de design futurista.
Na semana passada, usava uma preta, com detalhes alaranjados e cadarços na lateral. Um detalhe, para não interferir na precisão dos chutes com o peito do pé. Ontem, o modelo era outro, mais discreto. Preta com azul e cinza. Fora de campo, o zagueiro veste Nike dos pés à cabeça.
Fábio vai pelo mesmo caminho. Ainda não assinou com a multinacional americana, mas está em negociações. Como todo adolescente, não dispensa roupas de grife. Por isso, uma sacola com camisetas, bermudas e chuteira faz parte da estratégia para conquistá-lo. Na sexta-feira, também exibia a marca nos pés.
"O Lúcio me conseguiu um par para eu experimentar", desconversou Fábio.
O assédio de empresários também é grande. Diariamente, o volante recebe cartões ou propostas de interessados em virar seu procurador. Um deles ofereceu generosa quantia em dinheiro para cuidar dos negócios do volante, atualmente administrados pelo pai, Juarez, goleiro de clubes do Interior nas décadas de 70 e 80.
A valorização nesta temporada propiciará outras vantagens para o volante. O salário de R$ 800 mensais – menos que um prêmio por vitória – deverá aumentar no mínimo 10 vezes na renovação. Seu endereço também mudará. Fábio deve trocar a concentração do Beira-Rio, onde mora desde 1998, por um apartamento.
O técnico Zé Mário observa mudanças no comportamento de Lúcio com sua promoção ao grupo de elite do futebol brasileiro. Acredita que a seleção fez bem ao jogador. Antes sisudo e de poucas palavras, agora mostra-se descontraído e até eloqüente. Sexta-feira, Lúcio estava tão animado que fez brincadeiras com os companheiros no treino de pênaltis.
"A carreira dele deu uma guinada de 180º e isso fez muito bem para ele. Já o Fábio não mudou com o sucesso. Segue sendo um jogador frio e calculista", atesta o técnico.