CAPA ESPORTES
 ÚLTIMAS
 ESPORTE SHOW
 FUTEBOL
 Últimas Notícias
 Copa JH
 Eliminatórias 2002
 Europeus
 Copa Mercosul
 Chance de Gol
 Estaduais
 Arquivo
 FÓRMULA 1
 AUTOMOBILISMO
 TÊNIS
 BASQUETE
 VÔLEI
 SURFE
 AVENTURA
 MAIS ESPORTES
 COLUNISTAS
 RESULTADOS



 ESPECIAIS






 FALE COM A GENTE



 SHOPPING



Futebol
ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Marco Aurélio faz sucesso com boa prosa
Domingo, 03 Dezembro de 2000, 00h03

São Paulo - Marco Aurélio se esquiva das respostas, tenta fazer piadas a cada pergunta, mas não esconde sua ligação com o futebol, típica de um humilde brasileiro vindo do interior. Cresceu jogando peladas pelas ruas pacatas da mineira Muriaé, sua cidade natal. Pelo rádio, como ocorreu em toda a região de Minas, nas décadas de 40 e 50, vibrava com o Flamengo, seu time de coração durante a infância. Tornou-se jogador, depois treinador e as ligações com a equipe carioca diluíram-se pelos seus 48 anos de vida.

A fala mansa e introspectiva de Marco Aurélio Moreira mostram que ele sempre preferiu ganhar espaço aos poucos, por onde quer que passou. Marcou época como volante da Ponte Preta na década de 70 e, como técnico, está revelando sua eficiência ao comandar um Palmeiras inicialmente desacreditado, levando-o a resultados inesperados, tanto para a torcida (incluindo as adversárias) quanto para a diretoria do clube. Já chegou às quartas-de-final da Copa João Havelange e classificou a equipe para a final da Copa Mercosul.

Marco Aurélio é do tipo que não se preocupa com situações hipotéticas ou com as que ainda não aconteceram. Sua filosofia de vida ainda guarda traços daquele menino que, com um bodoque nas mãos, saía descalço pelas ruas, pulando muros e roubando jabuticabas das árvores do vizinho. "Tive uma infância feliz, num ambiente tranqüilo do interior", recorda-se.

Com olhar no infinito e uma grande resistência para falar, solta uma frase entrecortada que lhe causa emoção. "Fui muito humilde quando criança." Seu pai, Tataia, já falecido, e sua mãe Abner, hoje morando em Muriaé, fizeram muitos esforços para alimentar Marco Aurélio e seu único irmão, Zezão, que hoje vive no interior paulista.

O interesse pelo futebol começou a intensificar-se cada vez mais. Marco Aurélio, que tinha em Tostão seu maior ídolo na época, lançou-se na vida cigana de um profissional deste esporte. Começou no pequeno Nacional de Muriaé e, em 1970, chegou ao Fluminense do Rio, onde permaneceu por seis anos, período que só foi interrompido uma vez, com a passagem pelo Vitória, em 1972.

Melhor fase - Em 1976, transferiu-se para a Ponte Preta, onde, segundo ele, atravessou a melhor fase da carreira. Ganhou a posição de titular e disputou o Campeonato Brasileiro daquele ano, no qual a Ponte fez boa campanha e quase se classificou para as finais. Foi a primeira vez que o Corinthians mudou o destino do time de Marco Aurélio.

Na época, a vaga da Ponte Preta ficou com o Alvinegro, mas tudo foi decidido na última rodada. Em jogos simultâneos, a Ponte Preta de Marco Aurélio foi derrotada pelo Caxias do Sul, onde jogava o hoje treinador Luiz Felipe Scolari.Enquanto isso, o Corinthians superava o Santa Cruz, para ir disputar a semifinal com o Fluminense, naquela partida em que quase 80 mil corintianos fizeram história com a "invasão do Maracanã" e viram sua equipe vencer nos pênaltis.

Foram os primórdios de uma fase em que a Ponte passou a ser admirada por todo o Brasil. Da equipe que atuou naquele ano, sairiam o goleiro Moacir e o ponta-esquerda Genau, para o jovem goleiro Carlos e o ponta Tuta, irmão do lateral Zé Maria, do Corinthians, firmarem-se como titulares.

Dicá - Marco Aurélio aproveitou a oportunidade para tornar-se um dos ídolos deste time. Seu companheiro de meio-de-campo, Vanderlei, que jogara no Atlético-MG, teve mais dificuldades em conquistar a posição, tendo disputado a titularidade com Pedro Omar. Na meia, Dicá era eterno e absoluto. Um verdadeiro "Deus de Campinas", cuja classe até hoje é reverenciada por Marco Aurélio.

O mais curioso é que, se hoje o treinador defende a escalação de quatro volantes em sua equipe, como faz no Palmeiras, com Fernando, Magrão, Taddei e Flávio, Marco Aurélio garante que no futebol atual há espaço para alguém com o estilo de Dicá. "Desde que ele se encaixasse ao esquema da equipe," observa. "Trata-se de uma situação similar à do meia Djalminha, no Deportivo La Coruña. Um jogador extremamente técnico, que encontrou seu espaço em um esquema europeu", compara.

Muita coisa mudou em sua vida depois da passagem pela equipe de Campinas. Primeiro, foi vice-campeão paulista em 1977, 1979 e 1981. Estes anos estão recheados de muita história. Passagens que ensinaram Marco Aurélio a lidar melhor com as lágrimas, acusações, lamentações e até milagres que o futebol proporciona. Em 1977, pela segunda vez surgiu o Corinthians no caminho da Ponte Preta.

A equipe paulistana vinha de um jejum de quase 23 anos sem títulos. Neste período, a torcida corintiana cresceu como nunca. Tornou-se ainda mais mística. E, após três partidas dificílimas contra uma Ponte Preta superior tecnicamente, o Corinthians conquistou o título com uma vitória por 1 a 0, gol de Basílio.

Ao mesmo tempo em que chorava a derrota, Marco Aurélio via, impressionado, a explosão incontida da massa corintiana. A energia daquele Morumbi pulsante o contagia até hoje. "Foi a partida mais marcante de minha carreira", destaca o técnico, que ainda perdeu mais um título para o Alvinegro, em 1979.

Rui Rei - Mas aquela derrota de 77 também deixou muitas feridas, que ainda não cicatrizaram. Tudo o que foi falado contra o atacante Rui Rei, da Ponte Preta, causa indignação em Marco Aurélio. Ele não admite as acusações de que o atacante `vendeu-se' para o adversário, provocando a própria expulsão ao debochar do árbitro Dulcídio Vanderley Boschila. "O Rui Rei foi bode expiatório", esbraveja. "O ladrão era outro, todos sabem quem foi. Ele já nem está mais entre nós", diz, sobre Boschilla, que morreu há alguns anos.

Mesmo com alguns reveses, o técnico recorda-se com gratidão desta fase. "Colocamos a Ponte no cenário nacional, motivamos a torcida, que levava crianças e fazia uma festa linda" a cada partida."

Amizade - Vinte anos se passaram, mas o tempo não desfez os laços de amizade entre os companheiros de Campinas. O grupo pontepretano encontra-se freqüentemente na cidade, onde Marco Aurélio firmou residência, para jogar peladas e apreciar um churrasco regado a cerveja e caipirinha. "Vejo sempre o Dicá, o Oscar, o Vanderlei e o Rui Rei, conversamos e matamos a saudades daquela época gloriosa."

Outro amigo do qual Marco Aurélio nunca se esquece é o então lateral Jair Picerni, hoje técnico do São Caetano, seu adversário na partida deste domingo, pelas quartas-de-final da Copa João Havelange. "Sempre fui um admirador de seus métodos," conta Marco Aurélio.

Da Ponte, ele foi para o São Bento, em 1982. Depois jogou pelo Taubaté e Coritiba, onde encerrou a carreira em 1987, após participar do grupo que conquistou o Campeonato Brasileiro dois anos antes.

Em 1996, após experiências em categorias de base, tornou-se técnico da equipe principal do Lemense, em São Paulo. Mas foi novamente na Ponte Preta que Marco Aurélio voltou a brilhar. Chegou às quartas-de-final do Campeonato Brasileiro de 1999 e fez alguns jogadores despontarem para a fama, caso do volante Mineiro. "Para mim, ele estaria em qualquer seleção do mundo", elogia.

Acabou indo para o Vitória e depois para o Cruzeiro. Mesmo com uma boa campanha, passou por situações constrangedoras nas equipe de Belo Horizonte.

No clube mineiro, no qual foi campeão da Copa do Brasil em 2000, participou da final contra o São Paulo, sabendo que iria ser substituído por Luiz Felipe Scolari. Foi campeão. Quando chegou ao Palmeiras, foi chamado de "técnico-tampão". Muitos acreditavam que Marco Aurélio seria dispensado pela diretoria no início de 2001. Com os resultados do time, entretanto, esta possibilidade hoje é remota. "Faço tudo da maneira mais simples possível e os resultados são apenas conseqüência do trabalho."

Patriota - O patriotismo é uma das características de Marco Aurélio. Suas declarações lembram os antigos pais de família, conservadores, numa época em que o Brasil acreditava mais em seu próprio futuro. "Este é o melhor país do mundo para se viver," comenta. "Não temos guerra, nosso solo é fértil e temos recursos naturais em abundância," exalta. Ele não admite nem mesmo que haja uma crise na seleção brasileira, em outros tempos, apelidada de "a pátria de chuteiras". "A seleção brasileira sempre será a melhor do mundo."

Filhos - Marco Aurélio é casado e tem três filhos, que moram em Campinas. O primogênito, Marquinhos, ou Marco Aurélio Moreira Júnior, de 24 anos, está prestes a se formar em direito. A caçula, Ana Karina, de 18 anos, irá prestar vestibular para medicina.

O do meio, Felipe, pretende seguir a carreira de jogador.Com 19 anos, joga no meio-de-campo dos juvenis da Ponte Preta, além de estar prestando vestibular para fisioterapia Segundo o pai, Felipe tem um futuro promissor. Novamente, surge a figura de seu velho amigo. E a comparação logo vem à tona. "O Felipe é alto, tem 1,87 m e um estilo parecido com o do Dicá", orgulha-se.

O Estado de S.Paulo


Copyright© 1996 - 2000 TERRA. Todos os direitos reservados. All rights reserved.
Aviso Legal

 

 VEJA AINDA
Palmeiras
Palmeiras B decide a Série B2
Palmeiras B decide título do Paulista
Paulo Turra inspira fase guerreira do Palmeiras
Zé Duarte vê ex-pupilos no Palmeiras x São Caetano
Veja lista completa
Copa JH - reta final
Cruzeiro bate o Inter e vai às semifinais
Warley vira dúvida no Grêmio para pegar Sport
Toda a rodada da JH com acompanhamento online
Paulo Turra inspira fase guerreira do Palmeiras
Veja lista completa