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Caso dos passaportes é mais sério do que parecia
Domingo, 03 Dezembro de 2000, 01h03

São Paulo - O caso dos passaportes portugueses falsos que foram parar nas mãos de jogadores brasileiros dá sinais de ter ramificações muito mais perigosas e obscuras pela Europa. Alguns jogadores de clubes de futebol de Portugal estão preocupados. O governo português deve promover uma anistia nos próximos meses para regularização dos ilegais, mas muitos nem querem aparecer com medo que seus documentos estejam irregulares.

Em um artigo publicado na sexta-feira no jornal português A Bola, o jornalista Daniel Reis diz que é "muito estranho" o silêncio de seu país em relação ao caso. E cobra ação imediata do Parlamento. Segundo Reis, o secretário de Estado, José Lello, deveria vir a público falar "sobre assaltos a alguns consulados na Europa, não só em Portugal, para obter passaportes que depois foram vendidos a empresários de futebol e a outros intermediários de imigração clandestina para o espaço comunitário".

O próprio Lello teria contado a Reis que os consulados portugueses estariam depositando diariamente os passaportes em branco em caixas fortes de bancos e só estariam deixando nas repartições um número mínimo exigido para o movimento diário. Lello louva a precaução, mas diz que as autoridades deveriam ir mais fundo na questão. Se possível, levando-a aos tribunais. Ele cita o Brasil e a Itália como os países onde o tráfico de passaportes portugueses é mais intenso.

O articulista coloca sob suspeita a transferência do brasileiro Jardel, do Porto, para o Galatasaray, da Turquia. O clube está passando por uma devassa fiscal.

Outro jornalista diz que quando os parlamentares brasileiros da CPI do futebol foram a Portugal para investigar o caso dos passaportes, o empresário brasileiro de futebol Juan Figer contratou dois advogados para acompanhar os passos dos deputados.

O brasileiro Anderson, de 22 anos, um ponta-de-lança do Alverca, de Portugal, que tem contrato até 2003, está tranqüilo. O jogador, que é paulista de Tupã, diz que atuou pelo Paraguaçuense, em 1996, e afirma: "Logo desconfiamos que havia muita coisa irregular porque tinha jogador conseguindo passaporte muito rapidamente. O processo normalmente é demorado.

Estou tendo de provar várias coisas. Mas ainda vai demorar. Meus avós são portugueses."

Na sexta-feira, o jornal A Bola anunciava que mais um brasileiro, Glauber, do Paços de Ferreira, também da Primeira Divisão, havia conseguido seu passaporte comunitário. E a Diretoria estaria entrando com os papéis para mais brasileiro: Beto. O técnico José Mota comemorava porque poderia pedir a contratação de mais um 'estrangeiro' para a equipe.

Jornal da Tarde


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