São Paulo - Um dos grandes craques do Corinthians nos anos 90, o irreverente Ronaldo, aos 33 anos está esquecido no futebol. Goleiro que mais vezes vestiu a camisa do clube na história, em 600 partidas, ele não joga há três meses e treina por conta própria. Apesar disto, garante estar de bem com a vida e tem, como grande sonho, voltar ao Alvinegro, equipe em que se consagrou.
Fã confesso de Taffarel, da equipe turca do Galatasaray, Ronaldo espera poder dar a volta por cima, assim como o ex-goleiro da seleção brasileira e atual campeão da Copa da Uefa. Para isso, vem treinando em uma academia do Tatuapé, bairro onde mora, e nas areias da praia do Guarujá para manter a forma, visando seu retorno ao futebol.
Dono de seu passe, aguarda ansioso por um convite do Corinthians. "Tenho consciência de que, se for contratado, serei muito útil não só como jogador, mas também como `professor'. Posso ensinar muita coisa para o Renato e o Yamada (goleiros recém-promovidos dos juniores)."
Apaixonado pela profissão, Ronaldo quer contrariar o ditado popular que diz: bem no amor, sem sorte no trabalho. Casado há quatro anos com Roberta, pretende agora encarar um novo "romance", mas com um time de futebol. Tem saudades de ouvir a torcida gritar seu nome. Para continuar no esporte, abriu mão de um das coisas que mais gostava de fazer fora dos gramados:
cantar. "Tive de sair da banda (de rock que montou com amigos) porque não dava para conciliar."
Se está esquecido por clubes e pela imprensa em geral, o jogador mostra-se feliz pelo afeto recebido nas ruas. "Muitos me param para pedir autógrafos e fazem um apelo, para que volte ao Corinthians."
Ronaldo iniciou sua carreira nas categorias de base do Corinthians aos 14 anos, após ter passado pela peneira. Dois anos mais tarde, em 1984, já se profissionalizava. Em 1988 assumiu a posição titular e, em seu primeiro ano, conquistou o Campeonato Paulista, feito que repetiu em 95 e 97. Ganhou também o Campeonato Brasileiro de 90, o Troféu Ramón de Carranza em 94 e a Copa do Brasil de 95.
Mesmo sabendo que a carreira no futebol é curta e que já está beirando a idade limite, Ronaldo garante não pensar no futuro. "Ainda tenho muito tempo para jogar e só depois vou pensar no que fazer e quando pendurar as luvas."
Não descarta, no entanto, a possibilidade de dedicar-se à música. "Quero mesmo é voltar a jogar. O resto, deixo para o frente."
Temperamento forte - Considerado por muitos como um jogador explosivo, Ronaldo defende-se e faz uma comparação com o técnico da seleção brasileira, Emerson Leão. "Sou como ele, tenho personalidade." Diz nunca ter se envolvido em brigas e os únicos inimigos que teve foram os adversários. E apenas dentro de campo. "Fechava o gol, fazia umas firulas e os irritava, mas tudo isso somente na hora do jogo."
Um dos motivos para estar sem clube poderia ser o fato de gritar muito com os companheiros. Porém, ele explica-se: "Minha posição é privilegiada e meus berros são para orientar, não para culpar ninguém por algum erro."
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