Rio - A delegação do Cruzeiro está desde a noite
da última quarta-feira no Rio na expectativa de poder enfrentar o Vasco, em
São Januário, pelas semifinais da Copa João Havelange. A confirmação do
adiamento do jogo - ainda sem data marcada - causou revolta, nesta
quinta-feira, entre os dirigentes mineiros, que chegaram a ameaçar abandonar
a competição. A idéia só não foi à frente por um pedido do técnico Luiz
Felipe Scolari.
“Por tudo o que passamos até agora, vamos engolir esta decisão e
vamos jogar contra o Vasco. É só marcar a data. Estou revoltado e indignado
com a bagunça que se transformou o futebol brasileiro, numa época em que se
fala em moralização. Tem de ter dignitude. Por mim, o Cruzeiro iria embora agora para Belo
Horizonte e abandonaria a Copa João Haavelange. Só não fizemos isto por um
apelo de Luiz Felipe Scolari, em nome dos jogadores”, afirmou o presidente
do Cruzeiro, Zezé Perrela, depois de uma reunião com o treinador e com
representantes da Hicks & Muse, patrocinadora do clube.
Especula-se que este não tenha sido o real motivo para o Cruzeiro
decidir permanecer na disputa da Copa JH. Isto porque, em caso de abandono
da competição, o clube poderia sofrer sanções e ainda ser obrigado a pagar
uma multa pesada. Por seu lado, Scolari preferiu alegar que o clube
responderá em campo, buscando o título. “Jogamos 28 vezes para chegar às semifinais e vamos tentar o título
que será inédito na História do Cruzeiro.”
Já Perrela disse que aceitou a decisão da Justiça de manter a
liminar suspendendo o jogo. Segundo ele, o que não dá para engolir é o fato
do vice-presidente de futebol do Vasco, Eurico Miranda, ter aceitado a
marcação das datas, em uma reunião do Clube dos 13, e depois ter mudado de
idéia.
“Infelizmente, as leis não são cumpridas. O próprio Eurico havia
aceitado jogar nesta data e assinou um documento. Tínhamos a obrigação de
mostrar para a sociedade brasileira que o Clube dos 13 tinha capacidade para
organizar uma competição. Mas, mostramos que somos menos capazes do que a
CBF.”
O técnico cruzeirense aproveitou para atacar o Sindicato dos Atletas
Profissionais do Rio e o Eurico. “ Todos os clubes que disputaram a Copa Mercosul (casos de Cruzeiro
e Vasco) se comprometeram a jogar com intervalo menor a 66 horas. O
Sindicato do Rio não se preocupou antes com o Vasco e só agora. Neste caso,
não valeu o que estava assinado. O importante é que se mostre para o Brasil
quem foi que não cumpriu o acordo”, afirmou Scolari.
Segundo o presidente do Cruzeiro, o time permanecerá no Rio,
independentemente de a partida acontecer nesta sexta-feira (às 20h30min) ou
no sábado (16h). Tanto que o clube já marcou para esta sexta-feira um treino
nas Laranjeiras, sede do Fluminense.