Porto Alegre - Carente de um jogador qualificado para a direita, o futebol brasileiro continua produzindo laterais-esquerdos tipo exportação. O caso mais recente é o de César, do São Caetano. Apoiador qualificado, costuma dar um acabamento de craque às suas jogadas. De cruzamentos seus, saíram vários dos 69 gols assinalados pelo São Caetano nos módulos amarelo e azul. Ele próprio é um artilheiro. Já marcou sete vezes, só nesta Copa João Havelange, ficando atrás apenas de Adhemar, com 21, e Zinho, 13.
A trajetória de César é um caso de vitória pessoal. Há seis anos, ele enfrentou um drama que poderia ter encerrado precocemente sua carreira. Cúmplice de um assalto à agência bancária localizada na sede do clube em que atuava, o Juventus, de São Paulo, o lateral acabou cumprindo um ano de prisão.
César, é claro, reluta em falar no episódio. Até chegou a contar detalhes há algum tempo a jornalistas paulistas. Mas não gostou de ser tratado mais como um ex-assaltante que virou peça chave numa equipe do que como um jogador como qualquer outro.
"Não nego nada do que aconteceu. Mas como os jornais exploraram muito o assunto, não falo mais sobre isso", desconversa o jogador, chegando a pedir desculpas.
Até hoje, o lateral sustenta ter sido preso injustamente. De origem humilde, nascido no bairro de Itaquera, não tinha condições de contratar um bom advogado. De qualquer forma, o seu futuro projeta-se bem melhor do que o passado. Aos 26 anos, o paulista César Aparecido Rodrigues está prestes a ser negociado com o Flamengo, apesar das promessas da diretoria do São Caetano de evitar um desmanche no time a partir do próximo ano.
Dias atrás, o presidente do Grêmio, José Alberto Guerreiro, também elogiou seu futebol, no que foi acompanhado pelo técnico Celso Roth. Pouco antes do treino final para a partida contra o Grêmio, César foi informado por jornalistas paulistas do interesse da Fiorentina, da Itália, em sua aquisição.