São Paulo - Acabou a mordomia para os competidores do rali Paris-Dacar 2001. Depois de três dias de trechos cronometrados e deslocamentos por magníficos lugares ao sul da França e Espanha, na quinta-feira a caravana da maior competição off road do mundo entrará em território africano. Ou seja, a partir de agora não há mais hotéis, restaurantes e banho de água quente.
Pilotos, organizadores, jornalistas e apoio passam a dormir em barracas, a comida será devorada entre rajadas de areia e o banho passa a ser coisa rara.
Os competidores saíram do continente europeu pelo porto da cidade de Almeria, extremo sul da Espanha, atravessando o Mar Mediterrâneo em balsas. O primeiro trecho em terras africanas será entre Nador e Er-Rachidia, onde os participantes vão estrear o acampamento da competição.
"A partir de agora não existirão mais cadeiras ou mesas para tomar o café. A alternativa é improvisar uma caixa ou mesmo um pedaço de papelão para sentar no chão. Tudo temperado com muito pó e areia, já que ficaremos ao ar livre e não dentro de um ambiente fechado por paredes", prevê Klever Kolberg, da equipe brasileira BR Lubrax.
Pela manhã, será fornecido um café militar. Numa mesa improvisada, há cestos de pães, cereais, manteiga, geléia, iogurte, ovos, queijos, alguma variedade de frios, bolo e biscoitos. Em três tonéis são servidos café, água quente e suco de laranja. Ao lado, fica o leite concentrado.
A partir de quinta-feira, não existirá almoço ou parada para lanche. Pela manhã, os competidores vão receber um pequeno pacote diário chamado de ração energética. No caso das motos, este deve ser degustado no meio da etapa. Ou depois de cada trecho, no caso dos carros e caminhões. Este pacote normalmente tem um pequeno suco, quatro biscoitos, uma barra energética, dois tipos de chocolate ou doce, uma lata de verduras, algumas frutas secas e um pedaço de queijo com salame. "Depois de cinco dias comendo sempre a mesma coisa, muita gente prefere fazer dieta", conta Juca Bala, que está fazendo seu terceiro rali.
O jantar será servido no mesmo esquema militar do café da manhã, mas só têm direito a ele os que conseguem completar a etapa antes das 4 horas da madrugada, já que a comida fica disponível das 22h às 4h. Deve ser a melhor refeição do dia, normalmente com um cardápio francês. Os competidores poderão se servir de sopa, uma entrada que varia entre vegetais, frios ou patês. Na seqüência, um prato quente, sempre com algum tipo de carne, e uma sobremesa.
Num canto será improvisado um bar, onde bebidas sem gelo são oferecidas. As opções são água, refrigerante, cerveja ou vinho. Um tonel de água quente e outro de café ficarão ao lado. "As coisas têm melhorado nos últimos anos. Antigamente, a comida era uma latinha e não havia bebida ou água. Hoje a comida chega a ser boa algumas vezes. E durante o jantar, a maior mordomia do rali, aproveitaremos para confraternizar com os outros competidores", conta André Azevedo, que está correndo o Dakar 2001 com um caminhão Tatra.