Rio - Todo dia ele convive com caras feias e xingamentos. Ao implantar um regime de treinamentos em três períodos, o preparador físico Toninho Oliveira ganhou inimigos no elenco. Pelo menos até amanhã, quando a rotina volta ao normal. Nos quatro primeiros dias de pré-temporada na Granja Comary, os jogadores foram obrigados a levantar por volta de 6h30min para iniciar os treinos físicos.
Em meio a caras de sono, olheiras e muito mau-humor, Toninho comanda, às 7h em ponto, uma corrida para iniciar o dia. O objetivo é controlar a rotina de descanso e alimentação dos jogadores.
"É um trabalho importante, mas eles me xingam todos os dias. Basta olhar as caras de raiva para saber o que estão pensando. Mas eu já avisei que tudo o que eles desejarem de ruim para mim vai voltar para eles. Não adianta pensar em ofender", brinca Toninho.
O atacante Reinaldo é um dos que reclama da rotina puxada. "Chega a hora pós-almoço e é aquele sono. Tá todo mundo morto", disse ele, lembrando que até mesmo as tradicionais conversas entre os jogadores depois da refeição ficaram mais curtas.
"Todo mundo fica no bagaço antes do treino da tarde. Tem que dormir, se não ninguém agüenta a correria da tarde", emenda Beto.
E num ambiente em que dormir é algo tão precioso, teve gente que perdeu o sono na madrugada de ontem. A música alta da Festa do Chapéu, realizada num clube próximo à Granja Comary, atrapalhou a noite dos rubro-negros. Cansados pela rotina de treinos, os jogadores custaram, mas pegaram no sono. O técnico Zagallo, no entanto, foi quem mais reclamou do barulho.
"Para quem estava lá, dançando, deveria estar tudo ótimo. Mas para quem precisava dormir, foi horrível. Quando fui deitar, já dava para ouvir um batuque. Cheguei a abrir a cortina para ver como estava animado o negócio. Mas depois, dormi e acordei a noite toda", disse. Boa parte da comissão técnica, mesmo menos desgastada do que o time, também passou horas em claro à noite.