Porto Alegre - Quando há seis semanas Gustavo Kuerten conquistou o título do Masters Cup, em Lisboa, e junto levantou o troféu de tenista número 1 do mundo, ele disse que não iria mudar, que continuaria sendo o mesmo de sempre. Mas, para Guga, levar uma vida normal chega a ser quase impossível.
Ele não consegue comprar CDs na charmosa Champs-Elysées, em Paris, ou entrar em um restaurante de qualquer cidade do mundo sem ser notado.
Esse desafio de proporcionar tranqüilidade a Guga é a preocupação de seus empresários, Jorge Salked e Paulo Carvalho, de seu irmão mais velho e também administrador de sua carreira, Rafael Kuerten, de sua assessora de imprensa, a jornalista Diana Gabanyi, e de seu inseparável técnico, Larri Passos.
"Nossa função é organizar o tempo do Guga, para que ele descanse, treine e jogue, para que ele não se desgaste", diz Salked, residente em Paris, quando não está acompanhando o tenista no circuito.
Por isso, o calendário do bicampeão de Roland Garros deste ano está mais enxuto. Prevê a disputa de 12 torneios no primeiro semestre, ao contrário de 14 no ano passado. Os jogos de exibição, que costumam pagar um cachê de US$ 300 mil a um jogador do quilate do Guga, provavelmente continuarão fora da programação do brasileiro no segundo semestre. Aliás, nenhum dos cinco patrocinadores pode exigir a presença do tenista em algum evento. A única obrigação é dedicar, a cada patrocinador, um dia por ano para a gravação de campanhas publicitárias.
Além de garoto-propaganda da italiana Diadora, fabricante de material esportivo, Guga participa do processo de desenvolvimento dos produtos. Mas não vai à sede da empresa, em Treviso. Uma equipe da empresa costuma se deslocar até onde o jogador se encontra para mostrar e ouvir a sua opinião sobre uma roupa ou tênis.
A Diadora programa para a primeira quinzena de fevereiro próximo a entrada no mercado brasileiro das três coleções da Linha Guga – uma para os jogos no saibro, outra para o piso rápido e uma terceira, clássica, para Wimbledon e Copa Davis. Os dois modelos de calçados chegarão às lojas em março.
"Neste ano, a Diadora vai deixar claro que é a principal patrocinadora do Guga", afirma Luís Alfredo Maia, gerente de negócios e marketing da empresa no Brasil.
Com tantos dólares envolvidos, a relação entre os integrantes da equipe do número 1 do mundo é muito estreita. Todos estão constantemente em contato.
"Mas a palavra final é sempre do Guga", assegura Salked.
Por isso, não causa estranheza a campanha publicitária do celular V2000, da Motorola, uma das cinco patrocinadoras do tenista, lançada em novembro passado. Nela, Guga aparece tentando tocar violão. Tudo a ver com ele: o número 1 do tênis mundial vem se dedicando a aprender o instrumento, seu novo prazer ao lado do surfe e do reggae.