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Jamelli acha que foi esquecido no Brasil
Segunda-feira, 22 Janeiro de 2001, 23h53

Barcelona - São Paulo, Seleção e Japão. Desde 1998, a Espanha. Paulo Jamelli, hoje no Zaragoza, fez uma opção: deixar a fama no Brasil e passar ao quase anonimato no exterior. Ele parece não se arrepender. Afinal, propostas do Brasil é que não faltam ao atacante que, curiosamente, joga com a camisa 3. Bom, jogar é outro assunto. Ele explica :

Você só sabe na hora se vai jogar. Como é isso?

Jamelli: No Zaragoza, você só sabe a escalação 20 minutos antes de aquecer. É horrível. Prefiro saber antes.

No Brasil o técnico define o time nos treinamento da semana.

Na Espanha muita coisa é diferente. Aqui, você treina um período e passa o resto do dia livre. Na época do São Paulo jogávamos terça-feira, quinta-feira, domingo e começava tudo de novo.

Isso é melhor?

Claro. Temos mais tempo de recuperação. Talvez por isso jogadores cheguem aos 37 anos em forma.

Que balanço você faz de seus três anos de Espanha?

Positivo. O Zaragoza é um time com pouco destaque. Porém, em 2000, brigamos pelo título do Campeonato Espenhol até o fim. Em 1998/99 fui bem, no segundo ano operei o joelho e fiquei seis meses fora. O time engrenou e fiquei no banco. Esse ano já sou artilheiro.

Você se sente esquecido no Brasil?

J: Totalmente. Mas tinha duas opções: ficar no Brasil e pensar em Seleção Brasileira ou conquistar a minha independência financeira. Acho que optei certo. Posso me arrepender. Porém, poderia ter ficado no Brasil e ter acontecido o mesmo. Hoje também poderia estar esquecido lá. Deixei a paixão e usei a razão.

Sem aparecer na imprensa, você pensa voltar à Seleção?

Chegar à Seleção pelo Zaragoza só se o time for o líder e eu fizer 20 gols por mês. Chego ao Brasil e sempre perguntam: como está na Itália? Ou: como está no Japão? E tenho que dizer que estou na Espanha. Mesmo quem faz futebol não sabe.

Você não é titular...

Eles resolveram contratar o Esnaider, que é bom jogador e tinha que sair um. E aqui na Espanha quem grita menos, sempre sai.

Você acha que isso é uma perseguição contra os brasileiros?

É engraçado, mas sempre acontece comigo, com Sávio, com Magno. Eles sabem que não vamos brigar com o técnico e nem jogar camisa na cara de ninguém. Para o técnico é fácil sempre tirar os mesmos. Não é que seja nada contra os brasileiros, mas é contra quem é bom companheiro, que faz o que o técnico quer.

Não bate uma vontade de se revoltar contra isso?

Não. Nos dois primeiros anos tentei entender, agora só quero jogar o tempo que o técnico deixar e fazer minha parte. Sei que vou sair sempre com 50, 60 minutos.

O Japão te deu essa paciência? Ou será a vida em Zaragoza?

Não sei se é do Japão ou do Brasil. Sobre Zaragoza, é uma cidade parecida com Sorocaba. Bem interior de São Paulo. Um sossego para minha família: eu, minha esposa, Luciana, meus filhos Amanda, 6 anos, Luísa, 5 anos, e Gianluca, 2 anos.

Você teve propostas para voltar ao Brasil. Por que nunca aceitou?

Fluminense, Ponte e Santos me procuraram. O problema é a multa rescisória de US$ 20 milhões.

Você tem mais quanto tempo de contrato?

Dois anos. E eles não querem me deixar ir embora.

E por que você, atacante, joga com a camisa 3?

Os veteranos escolhem a camisa. Quando cheguei, era o número 12. Este ano pude mudar, mas o melhor número que tinha era o 3. Radimov, outro atacante, é camisa 2. Chegamos a jogar com um ataque com as camisas 2 e 3 (risos).

L!Sportpress


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