Belo Horizonte - O técnico da Seleção Brasileira, Emerson Leão, quer obter a classificação, com várias rodadas de antecedência, nas Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2002 no Japão/Coréia do Sul. Ele acredita, que com isso, terá uma base definida para a Copa e também terá condições e tempo para observar outros jogadores no Brasil e no Exterior. O Brasil está em segundo lugar, com 20 pontos, atrás da Argentina, que tem 25, e volta a jogar na competição contra o Equador, no dia 27 de março, em Quito.
“É preciso criar algumas variações", argumentou o treinador, que esteve ontem em Belo Horizonte para a retirada de placa do osso zigomático da face direita, conseqüência de agressão sofrida na final da Conmebol de 1997 contra o Lanús, em Buenos Aires, quando dirigia o Atlético. Esteve também com seu “amigo" Luiz Felipe Scolari, na Toca da Raposa, e tentou, sem sucesso, um encontro com o presidente do Atlético, Nélio Brant, para tratar de assuntos particulares, provavelmente a respeito de acerto financeiro.
Leão tinha planos de permanecer na cidade para assistir ao jogo entre Cruzeiro e Paraná, amanhã, no Mineirão, pela Copa Sul-Minas, mas mudou de idéia e nesta quarta-feira segue para a Colômbia para visitar instalações para a acomodação da Seleção Brasileira para a Copa América, em julho. O Brasil está no Grupo B e estréia contra o México, dia 12. Leão aproveitará a viagem para visitar a equipe Sub-20 do Brasil, no Equador, que está disputando o Campeonato Sul-Americano da categoria naquele país.
Além da Copa América, o treinador considerou a Copa das Confederações, que será realizada neste ano, como uma competição de grande importância para o Brasil. Principalmente do ponto de vista logístico e estratégico, já que o torneio terá como sede o Japão, palco da próxima Copa do Mundo. “Estaremos já olhando possíveis locais para servir como concentração", adiantou. Com a experiência de quem passou quatro anos no futebol japonês, também já tem sua sede favorita, mas prefere não revelar por enquanto.
Leão confirmou o jogo contra os Estados Unidos, em Los Angeles, no dia 3 de março, como o primeiro amistoso da Seleção neste ano. Mas solicitou à CBF (Confederação Brasileira de Futebol) a realização de outra partida para o mesmo mês, como preparação para a Copa América. “Existe a possibilidade de jogarmos contra o México, no Brasil. Pedi dois amistosos, um deles no Brasil e outro fora, mas, de repente, pode ser contra outra equipe ou mesmo não ser cancelado", revelou.
Liberdade - O técnico acredita que o país continuará tendo o melhor futebol do mundo se conseguir “não se complicar". Ele explica esta frase um pouco abstrata observando o que seria uma situação ideal: liberdade para chamar os jogadores, condições de treinar com o time completo e um campeonato nacional mais organizado. “Não sei se isso é possível. Mas é o ideal", ponderou. Lembrou que existe muita desconfiança em torno da Seleção, mas que, na prática, o Brasil está sempre entre os primeiros, citando a Copa do Mundo de 98.
Leão não revelou o teor de conversa, de quase duas horas, com Luiz Felipe Scolari, e nem citou nomes de prováveis selecionáveis em Minas Gerais. Afirmou, no entanto, que pretende intensificar o intercâmbio com outros treinadores. “Sempre que possível, visitarei outros técnicos no Brasil. Afinal de contas, o treinador da Seleção não pode ser uma ilha sediada em São Paulo ou no Rio de Janeiro", ponderou o treinador, que promete retornar a Belo Horizonte na próxima semana para troca de informações com Scolari, Abel Braga, do Atlético, e Procópio Cardoso, do América.
Ele não crê que as duas CPIs (Comissões Parlamentares de Inquérito), instaladas no Senado e na Câmara Federal, para investigar irregularidades no futebol nacional, possam dificultar o seu trabalho à frente da Seleção. Mas considera que é preciso haver transparência na condução das investigações, principalmente em relação à quebra de sigilo bancário. “Para solicitar a quebra, é necessário que a própria pessoa que está pedindo quebre também o seu sigilo, para haver transparência e credibilidade".
Cirurgia - Com a cirurgia realizada ontem, na clínica do doutor Neylor Lasmar, Leão encerrou um ciclo que marcou negativamente a sua vida. A cirurgia, orientada por Sérgio Moreira, cirurgião plástico, durou 30 minutos e foi realizada na parte da manhã, com a retirada da placa, em formato de L e com dois centímetros, sendo feita pela boca.