São Paulo - A vitória do São Paulo, pelo menos em parte, começou no intervalo, quando o clássico ainda estava empatado por 1 a 1. No vestiário, o zagueiro Rogério Pinheiro chamou Renatinho de canto e mandou o recado. “Você é rápido e habilidoso. Parte para cima dos caras. Faz aquilo que você fazia no júnior que zagueiro nenhum lhe segura”.
Alguns minutos depois, Renatinho parou frente a frente a um marcador na ponta direita do ataque tricolor. Uma passada de perna aqui, uma gingada ali e Renatinho meteu a bola na frente. O santista ficou para trás e o moleque tocou entre as pernas de Fábio Costa: 3 a 1.
Depois do jogo, Renatinho até que se esforçou, mas não conseguiu sequer lembrar o nome do tal marcador do Santos. “Sinceramente, não lembro quem estava ali. Joguei a bola na frente e não vi mais o cara”, disse, meio sem graça pelo esquecimento, algo que os "brucutus" do futebol chamariam de falta de respeito.
O "João" (nome dado a todos os zagueiros que enfrentaram Garrincha) do lance foi Marcelo Silva. É possível que amanhã ou depois ninguém lembre que o cabeça-de-área santista esteve em campo.
Já Renatinho vai continuar com sua humildade. Ou pelo menos tentará. Orientado por Rogério Ceni, Pinheiro, Gustavo Nery, enfim, os jogadores mais experientes do elenco, ele e Cacá procuraram dividir os bônus da vitória sobre o Santos. “O fator mais determinante foi a determinação de todo o grupo”, disse Renatinho, um pouco nervoso.
“Sem os jogadores mais experientes não teríamos ganho. A zaga segurou firme”, emendou Cacá.
Ambos, como o atacante Oliveira e o meia Harison, que deixou o campo machucado, no entanto, sabem que o futuro que planejaram está mais próximo depois de ontem. “Revelação joga é no profissional, não é... Não adianta ser revelação no time júnior. É aqui que você tem de mostrar serviço”, disse Cacá.
Hoje, infelizmente para eles, já é outro dia. O "João" Marcelo Silva ficou para trás e as cobranças, com certeza, vão aumentar. Mas a torcida, enfim, vai acordar mais alegre. E cheia de otimismo.