Rio - Nos últimos anos, o então vice-presidente geral do Vasco, Eurico Miranda, falava com orgulho da saúde financeira do clube, alardeando que o Vasco pagava seus compromissos em dia. Repetidas vezes, o dirigente falou, em momentos de crise, que só haveria crise no dia em que o Vasco não conseguisse pagar seus compromissos. Pelo visto, a crise chegou.
A situação é tão complicada que foi preciso apelar para a ajuda de outros clubes do Rio, algo impensável há alguns anos. Na última segunda-feira, os clubes que disputam o Estadual da Primeira Divisão foram convocados para um conselho arbitral na sede da Federação de Futebol do Rio de Janeiro. Lá, ficou decidido que esses clubes cederão ao Vasco 8% do valor que receberão da cota de televisionamento.
O rival Flamengo foi o único a se mostrar contrário à decisão. O clube chegou a informar, em nota oficial, que é contra a retenção, em razão da difícil situação financeira do clube. A diretoria rubro-negra julga ser um desrespeito com seus atletas, por não estar com os salários em dia com eles.
Outros clubes, que também vivem problemas financeiros, vão contribuir com um clube que, segundo fontes ouvidas pelo LANCE!, teria recebido em torno de US$ 100 milhões em pouco mais de dois anos de parceria com o Bank of America.
Durante os dois últimos anos, o Vasco recebeu US$ 19 milhões de adiantamento da TV Globo, que detém os direitos de transmissão da competição. Informação confirmada pela própria emissora.
Na maioria dos esportes do clube, atletas reclamam de dois, três e até quatro meses de salários atrasados. A jogadora de vôlei Sandra Voloch deixou o clube por não suportar o atraso. O pivô Vargas despediu-se ontem do Vascoe e é mais um que não suportou a situação.
Para piorar, a oposição teme que a atual crise seja só a ponta do iceberg, já que o contrato de parceria, para muitos, ainda é um mistério.