Porto Alegre - O grupo suíço ISMM, que tem a ISL, parceira do Grêmio e do Flamengo, como uma de suas empresas, entrou com processo pedindo ao Tribunal do Cantão de Zug, na Suíça, a suspensão de todos os pagamentos previstos nos contratos da empresa.
O presidente do Grêmio, José Alberto Guerreiro, lamentou a notícia, mas disse que irá buscar maiores informações sobre o assunto.
O pedido é uma espécie de concordata para evitar a falência, enquanto o grupo negocia com um novo controlador. O comunicado oficial da ISL internacional confirma a intenção de reavaliar os contratos com Flamengo e Grêmio e alinha três justificativas: clima político-econômico no Brasil, ausência de um conceito consistente de Campeonato Nacional e os problemas de imagem do futebol brasileiro como conseqüência da investigação da CPI. Desta forma, o “grupo ISMM está no momento revisando, juntamente com seus parceiros, os passos apropriados a serem tomados”.
No Rio, o vice-presidente geral do Flamengo, Júlio Lopes, disse que o contrato de parceria não tem cláusula que estipule valores em caso de rescisão:
“Vamos aguardar mais um pouco, antes de pensar no litígio. Mas o que a ISL já investiu, com certeza, não tem volta. Ainda podemos brigar pelos prejuízos causados pela saída de um parceiro, que pelo contrato, garantiria o orçamento por 15 anos. Queremos receber o que ainda tem pela frente.”
Em nota oficial, a ISL do Brasil diz que os negócios não sofrerão qualquer mudança e que um novo parceiro cobrirá todos os custos operacionais durante os três meses do período de reestruturação. Em caso de rescisão do contrato, as partes acordaram no contrato de parceria que o valor seria aferido pela Corte de Arbitragem de Paris, uma instituição privada internacional, com subsede no Rio.
A preocupação de Grêmio e Flamengo passa a ser a de reaver as receitas do clube, hoje em poder a ISL, como contratos de patrocínio, direitos de TV e outros direitos referentes à exploração da marca. Pelo contrato de parceria, a ISL fica com todas essas receitas, aos longo de 15 anos.
“Sem dúvida, a situação financeira, que já era difícil, ficará mais abalada ainda se isso se concretizar”, lamentou o presidente José Alberto Guerreiro, depois da reunião do Conselho Deliberativo. “Sempre ficou aberta a possibilidade de uma rescisão de contrato. Vou me informar melhor.”
Enquanto isso, em reunião do Conselho Deliberativo, o ex-presidente do Grêmio Fábio Koff acusou o vice-presidente de finanças da gestão de Luiz Carlos Silveira Martins, Carlos Bierdermann, de comprometer sua imagem ao omitir dados relativos a venda do centroavante Jardel. Koff considerou uma “omissão indesculpável” o fato de Biedermann não ter informado que uma diferença de US$ 580 mil descoberta pela Receita Federal corresponde ao percentual de um empresário que ajudara a contratar Jardel em 1995. Uma auditoria irá analisar as contas do Grêmio a partir de 1995.