São Paulo – Metade do salário do corintiano Marcelinho é suficiente para quitar toda a folha de pagamento do Mamoré, time do interior de Minas. Com R$ 58 mil por mês, o clube paga o salário dos 28 jogadores e dos seis integrantes da comissão técnica, incluindo o do treinador Renê Santana, filho de Telê.
Para manter o equilíbrio, o clube loteou a sua camisa em quatro patrocinadores, que desembolsaram R$ 700 mil por todo o Campeonato Mineiro. Apesar disso, a luta é para manter as contas equilibradas. Na administração, quem dita as diretrizes é o engenheiro César Faria, um dos responsáveis pela contratação de Renê. “Fui sócio do Renê quando ele tinha escolhinas de futebol. Indiquei o nome dele para o presidente do Mamoré, que acabou aceitando.” Faria diz que, por enquanto, não ganha nada com a dedicação ao time. “No futuro, devo receber uma porcentagem na negociação dos atuais atletas do clube.”
As bilheterias não garantem uma boa renda, já que o Mamoré, que é dono de um estádio para 5,5 mil pessoas, não possui todo o apoio de Pato de Minas, onde está sediado. O time de massa na cidade de 123 mil habitantes, localizada a 417 km de Belo Horizonte, é o URT, que foi eliminado na primeira fase do Campeonato Mineiro. “A rivalidade é grande”, disse Fernando Morato, presidente do time de Renê.
O Mamoré foi fundado em 1949 como uma reação da elite de Patos de Minas ao União Recreativa dos Trabalhadores (URT), que havia nascido 10 anos antes. “Estamos nos popularizando, mas ainda somos o time da elite”, afirmou Morato. Além do estádio, o patrimônio do Mamoré inclui um alojamento de oito apartamentos, onde vivem quase todos os jogadores. Os treinos são realizados em dois campos alugados.