São Paulo - O jeito durão do pai Telê Santana não impediu que Renê cometesse as suas molecagens. A maior delas aconteceu aos 16 anos. “Ele (Telê) estava viajando. Peguei o carro escondido e bati.”
Quando o então do técnico do Atlético-MG soube da novidade a bronca foi dura. “Para começar, ele mandou eu cotar o cabelo, que era um pouco cumprido.” Como protesto, o filho resolveu raspar completamente a cabeleira, ficando careca. “Quando meu pai viu, deu risada, assim como toda a família.”
Mas o problema nunca atrapalhou a relação dos dois. “Sempre nos demos muito bem. Ele sempre foi muito importante na minha vida.” Quando Renê nasceu em 56, o pai jogava no Fluminense. Era o famoso Fio de Esperança (apelidado dado pelo cronista Nelson Rodrigues porque Telê sempre marcava gol no fim das partidas). “Acompanhei vários treinos dele no Fluminense, no Vasco e no Guarani. No ano que nasci, morávamos no Rio e o Fluminense foi campeão da Copa Rio.”
Além do orgulho do filho, o futebol garantiu o ganha pão da família Santana, sem luxos, já que na época os jogadores não recebiam os salários milionários de hoje em dia. “Nunca faltou nada dentro de casa, mas também não sei o que é receber mesada,” disse o filho mais novo do ex-treinador (ele possui também uma filha mais velha).
Telê passou ainda para o filho a fé. “Também sou devoto de Sant´ana, assim como o Telê, que nasceu no dia dela, 26 de julho.” O técnico do Mamoré acredita que o poder da Santa está presente em sua vida. “No dia 26 de julho do ano passado, estava comandando o Mamoré contra o Uberaba. Perdíamos por 2 a 0. Fui expulso. Em seguida, mudei a equipe e conseguimos virar para 3 a 2. Orei muito para agradecer a Sant´ana por essa graça alcançada.”