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Filho de Telê sonha em passar a limpo tragédia de 82
Sexta-feira, 04 Maio de 2001, 09h48
Atualizada: Sexta-feira, 04 Maio de 2001, 10h58

Renê Santana, que no ano passado iniciou a carreira de treinador, quer comandar Seleção em um tira-teima com os italianos

Por Sérgio Roxo

São Paulo - O gol de Paolo Rossi aos 32min do segundo tempo decretou a eliminação de umas das melhores Seleções Brasileiras de todos os tempos da Copa do Mundo. Para Renê Santana, que estava no estádio Sarriá, em Barcelona, naquela tarde de 5 de julho de 1982 o resultado teve um gosto ainda mais amargo. O choro por ver a equipe comandada por seu pai perder para um time de categoria inferior ficou para sempre gravado na memória, a ponto de alimentar o sonho de acertar as contas da família com os italianos.

“Não falo em vingança porque no futebol não existe isso. O Brasil nunca vai vingar, por exemplo, aquela derrota da Copa de 50 para o Uruguai.” Mas apesar de tentar disfarçar, ele revela o desejo de passar a limpo a história iniciada em 82. “Se acontecesse de comandar a Seleção em uma final de Copa contra a Itália, teria certeza de que o destino estaria me reservando alguma coisa boa. Me sentiria realizado com uma vitória por causa do passado. Seria uma dádiva.”

Um sonho, que era o do ser treinador, Renê, de 44 anos, já está realizando. Ele havia começado a alimentar o desejo de seguir a profissão do pai em 85. “Tinha ido trabalhar como assessor do Telê (foi assim que ele se referiu ao pai durante a entrevista) na Arábia Saudita. Acompanhei a coisa de perto, no dia a dia, e comecei a ter vontade de ser técnico. Via que o futebol corria nas minhas veias.”

Chegou a fazer um curso de treinador na UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), mas a estréia no banco de reservas só aconteceu no início de 2000. “Não virei treinador antes porque não houve convite. Fui chamado para ser diretor do América-MG, mas recusei, pois isso não me interessava.” Foi numa tarde de março do ano passado que finalmente chegou a tão esperada proposta. “Estava tomando banho quando o presidente do Mamoré ligou. Já tínhamos conversado alguns meses antes, mas eles acabaram acertando com outro treinador. Quando recebi o convite para ser técnico, aceitei na hora, nem quis saber do salário.”

O desafio maior ainda estava por vir, já que o time disputava o Módulo B (segunda divisão) do Campeonato Mineiro. Mas essa batalha foi vencida: a equipe foi campeã, com a melhor campanha do torneio, e subiu para o grupo de elite. No segundo semestre, o filho de Telê se transferiu para o Patrocinense, time que tem uma parceria com o Mamoré e estava no Módulo A da segunda divisão (a terceira divisão na prática). O resultado foi mais um título e ascensão para a Segundona de Minas.

Renê passou mesmo a ganhar destaque neste ano, quando voltou ao Mamoré e levou a equipe do interior do estado ao terceiro lugar na primeira fase do Campeonato Mineiro. O time de Patos de Minas terminou com 20 pontos e só perdeu o segundo lugar para o Cruzeiro no saldo de gols. Como conseqüência, vieram os convites de outros clubes. “Recebi propostas de equipes médias, mas só converso na metade do ano, quando acaba o meu contrato com o Mamoré .” Com a demissão de Abel Braga do Atlético_MG chegou a ser sondado para ocupar o cargo. “Fiquei feliz por ter meu nome lembrado, mas não houve um convite formal.”



Redação Terra


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