São Paulo – Ferreira era um atacante que tinha tudo para deixar o futebol ou para ser um atleta de segundo nível. Havia sido dispensado pelo Atlético-MG e pulava de galho em galho nas equipes do interior do estado. Até que Renê Santana, o filho de Telê, cruzou o seu caminho.
Num domingo do ano passado, o Ateneu de Montes Carlos enfrentou o Mamoré. "O Ferreira jogava no Ateneu. Notei qualidades no seu futebol e pedi para contratar", disse Renê, que levou o jogador, primeiro, para o Patrocinense, equipe que treinou no segundo semestre do ano passado.
Um ano depois, o atacante vive uma nova fase. Foi artilheiro da primeira fase do Campeonato Mineiro, com 7 gols em dez jogos, superando estrelas como Guilherme, do Atlético-MG, e Geovani, do Cruzeiro. O gols despertaram o interesse dos grandes clubes de Minas. "Não acertei nada ainda. Soube do interesse do Cruzeiro, mas só quero sair na metade do ano."
O sucesso não veio por acaso. "Peguei muito no pé do Ferreira. Ele tem habilidade e um bom porte físico, mas aperfeiçoou muito outras qualidades. Outro dia conseguiu lançar uma bola, também tem chutado de perna esquerda (o atacante é destro) e de sem pulo, além de melhorar o cabeceio." O jogador de 22 anos reconhece a importância do técnico na sua evolução. "O Renê cobra bastante, não chega a gritar com a gente, mas é o típico chato no bom sentido."
Há seis anos, Ferreira trocou a vida de office-boy, em Uberlândia, pelo sonho de fazer sucesso no mundo do futebol. Começou no time da própria cidade. A família ainda vive lá. A mãe é professora e trabalha como autônomo. "Sempre os ajudo, apesar de ganhar pouco aqui no Mamoré." O sonho do atacante é seguir os passos do são-paulino França. "Gosto bastante do estilo dele."