São Paulo - Após quatro tragédias em estádios de futebol em menos de um mês, o continente africano teve sua imagem bastante desgastada. No entanto, na opinião da Fifa, estes incidentes, que deixaram ao menos 182 mortos, não comprometerão a intenção da entidade de escolher um país africano para receber a Copa de 2010.
“Tragédias, infelizmente, podem acontecer em qualquer lugar. Apesar de tudo, a Copa de 2010 acontecerá no continente africano”, disse o porta-voz da Fifa.
A declaração do representante da entidade máxima do futebol mundial acontece um dia depois de, pelo menos, 130 pessoas terem morrido num estádio em Accra, no clássico entre Accra Hearts of Oak e Kumasi Asante Kotoko, pelo Campeonato Ganês.
A confusão começou numa briga entre torcedores a cinco minutos do fim do jogo, vencido pelo Hearts por 2 a 1. A polícia tentou agir, jogando gás lacrimogêneo e fechando todas as saídas do estádio. Houve pânico e muitas pessoas foram pisoteadas ou esmagadas.
Em 11 de abril, 43 torcedores já haviam morrido no clássico entre Kaisers Chiefs e Orlando Pirates, em Johanesburgo, na África do Sul. Na República do Congo, no dia 29 do mesmo mês, foram oito mortos, enquanto no domingo passado, uma pessoa perdeu a vida num estádio da Costa do Marfim.
Com tantos incidentes, a Fifa fez um alerta aos dirigentes da Confederação Africana de Futebol (CAF).
“Estes acidentes só provam que as lições de outras tragédias não serviram para nada”, afirmou o presidente da entidade, o suíço Joseph Blatter.
Apesar de a Fifa garantir que a decisão de o continente africano organizar a Copa de 2010 não está ameaçada, os dirigentes da CAF parecem preocupados.
“Estamos convencidos de que trabalhando juntos com os governos e as autoridades conseguiremos encontrar meios para evitar que acidentes não voltem a acontecer”, dizia o comunicado da CAF à Associação de Futebol de Gana.
A confirmação de que a África será palco da Copa de 2010 acontecerá em julho, no congresso da Fifa, em Buenos Aires. O primeiro Mundial naquele continente servirá para amenizar a frustração causada no ano passado, quando a África do Sul perdeu por um voto para a Alemanha o direito de ser sede da Copa de 2006.