Belo Horizonte - O relatório da CPI da CBF/NIKE, da Câmara dos Deputados, poderá sugerir a intervenção judicial na Federação Mineira de Futebol (FMF), por causa das inúmeras irregularidades, ao Ministério Público. A opinião é do deputado Olímpio Pires (PDT/MG) ainda inconformado com algumas explicações do presidente da FMF, Elmer Guilherme, no depoimento aos integrantes da CPI, na última terça-feira, em Belo Horizonte.
“Foi dado para ele (Elmer Guilherme) um prazo até segunda-feira ou, no mais tardar, terça-feira para apresentar os documentos. Agora, não sei se é desorganização ou se é mesmo fraude. Se ele apresentar documentos bem embasados já demonstra uma desorganização, o que é lamentável. Agora, se ele não apresentar uma documentação consistente, será comprovada fraude. O que é também lamentável", afirmou o deputado mineiro. Para ele, o seu colega Léo Alcântara (PSDB/CE), sub-relator das Federações de Futebol da Região Sudeste do país, pode sugerir ao Ministério Público pedido de intervenção no futebol mineiro, antes mesmo do encerramento dos trabalhos da CPI. Olímpio Pires é sub-relator da Federações de Futebol do Centro-Oeste e Norte. O relatório será votado no dia 29 de maio.
Com longa militância no futebol mineiro, desde a década de 60 no Valério, de Itabira, Olímpio Pires se disse ontem ainda “surpreso" com a série de irregularidades encontradas na FMF, como sonegação fiscal, nepotismo, recebimento de vencimento ilegalmente, transações financeiras mal explicadas e suspeita de 'caixa 2'. “Infelizmente, isso está sendo apontado na Federação Mineira de Futebol", disse.
De acordo com o deputado mineiro, a situação da FMF é a mais complicada até agora na CPI. “Existem situações semelhantes nas federações do Amazonas, de Goiás, que são de menores portes do que a FMF. A FMF é uma das maiores do futebol brasileiro."
Justiça
A cada dia surgem novidades envolvendo a FMF. Segundo informações divulgadas pela Rádio Itatiaia ontem, existe a suspeita de que o Edifício Palácio dos Esportes, situado na Avenida Barbacena, 470, onde funciona a entidade, estaria penhorado. A entidade estaria também ameaçada de perder também uma sala que possui na Rua da Bahia, 570, 9º andar, pelo não pagamento de condomínio desde 1990, débito que hoje giraria em torno de R$ 50 mil. E, no Fórum Lafaiette, estariam tramitando 121 processos contra a entidade maior do futebol mineiro, enquanto outras centenas teriam sido arquivados.
Demissões
O presidente da Federação Mineira de Futebol, Élmer Guilherme, está temporariamente afastado da entidade. Segundo pessoas próximas a ele, Élmer Guilherme está muito abalado com a série de denúncias contra sua administração. Somente na próxima semana, ele deve voltar a dar expediente na entidade.
Funcionários da FMF e o advogado contratado Danilo Santana estão cuidando da documentação financeira e contábil, que, na segunda-feira, será levada à Câmara Federal e ao Senado, a pedido dos membros das CPIs. Ontem, houve uma reunião com os funcionários da FMF que são parentes de Élmer Guilherme. Mas a demissão de 80% deles, prometida pelo presidente da FMF, ainda não ocorreu.