Belo Horizonte - Às vésperas do clássico decisivo contra o América, domingo, no Mineirão, o “clima de guerra" se instalou definitivamente na Toca da Raposa. Os jogadores do Cruzeiro não escondiam ontem o descontentamento com as provocações, que, segundo eles, tiveram que “engolir" dos adversários no primeiro jogo entre as equipes pelo Grupo B da Segunda Fase do Campeonato Mineiro - o América venceu por 1 a 0.
“Eles se comportaram de forma antiética. Venciam por 1 a 0 e ficaram dizendo para a gente correr atrás. Isso é um desrespeito, mesmo porque chiaram bastante com aquela jogada do Geovanni no jogo da Primeira Fase", reclamou o jovem zagueiro Luisão, referindo-se a um drible de Geovanni em Fabrício na goleada de 4 a 1 do Cruzeiro.
O clima contagiou todos na Toca da Raposa. Até o lateral-direito Neném, estreante no clássico, entrou na “briga". “A informação que tenho é que o América só joga contra o Cruzeiro. Eles não respeitam o Cruzeiro e fiquei sabendo que dizem que é só encostar mais duro nos jogadores do Cruzeiro que somem. Vamos mostrar que não é bem assim no domingo para eles", enfatizou o lateral.
Outro que estava indignado com o comportamento do América no primeiro jogo da Segunda Fase é o armador Sérgio Manoel. “A gente sabe que, num clássico, existe muito bate-boca em campo, mas esse tipo de coisa não pode acontecer. É preciso que haja mais respeito", criticou.
Sérgio Manoel também mandou um recado duro aos jovens jogadores do América: “Futebol, que eu saiba, ainda se joga com os pés e não com a boca." O zagueiro Cléber não deixa por menos. “Estão dizendo que esse clássico é o jogo da vida deles, mas é também o nosso. E vamos partir com força para vencer", disse. O certo é que isso está sendo usado no Cruzeiro para criar uma motivação extra para os jogadores buscarem a vitória e, desta forma, permanecer na briga pelo título do Campeonato Mineiro.
O fim do treino, à tarde, na Toca da Raposa foi festivo, em contraste com o discurso dos jogadores. Marcos Paulo, que completou 24 anos ontem, Sorín e o treinador de goleiros Flávio Tenius _ que aniversariaram dias atrás _ levaram um “banho de farinha de trigo e ovos". Sorín, o que menos gostou da recepção, foi atrás de seus “algozes", como o zagueiro Cris, que teve que correr muito para escapar. O lateral completou 25 anos no dia 5 e Flávio Tenius _ responsável em grande parte pela boa fase dos goleiros _ fez 37 anos na terça- feira, quando o Cruzeiro estava em Quito, no Equador, enfrentou o El Nacional em Quito, no Equador, pelas oitavas-de-final da Copa Libertadores da América, e venceu por 2 a 1.
Meta é desmontar bloqueio defensivo do adversário
Como o América usou três volantes _ Ruy, Ricardo e Claudinei - no primeiro jogo da Segunda Fase e existe essa possibilidade novamente amanhã, o técnico Luiz Felipe Scolari mantém o mistério sobre a formação do meio-campo, desde o retorno do Cruzeiro na quarta-feira, de Quito, no Equador. Sua preocupação é armar um meio-campo com jogadores combativos e também criativos para desmontar o forte bloqueio defensivo do adversário.
Para isso, ele testou uma nova formação no setor com Mancuso, que, além de marcar forte, arremata bem de longa distância em substituição ao volante Marcus Vinícius, punido com o terceiro cartão amarelo. “Se o professor (Luiz Felipe Scolari) optar por mim vou entrar em campo e mostrar que posso ser útil à equipe", disse. Mas há outra opção: a entrada de Marcos Paulo. Desta forma ele também terá um meio-campo aguerrido, e poderá liberar Ricardinho e Jackson para encostar nos atacantes Geovanni e Oséas. Enquanto isso, o zagueiro Cléber está praticamente confirmado na zaga, no lugar de Cris, também suspenso pelo terceiro cartão amarelo.
Para Ricardinho, o importante, amanhã, será o Cruzeiro atuar de forma compacta durante a partida. “Não podemos afrouxar a marcação um segundo sequer. Temos que, além disso, buscar espaços para conseguir a vitória. Uma coisa é certa: não podemos repetir os erros das derrotas para o Ipatinga e também para o América", enfatizou o volante, que, aos poucos, está voltando a subir de produção.
Melhores do mundo
Depois de um suposto interesse do Barcelona, o técnico Luiz Felipe Scolari _ que faria parte de uma lista de treinadores, segundo a imprensa espanhola, que o clube catalão gostaria de contar em seu comando _ revelou nesta sexta-feira sua meta ao longo deste ano: colocar o Cruzeiro entre os cinco melhores do mundo. Isso baseado no levantamento da Federação Internacional de História e Estatística do Futebol, da Alemanha, que aponta o Cruzeiro entre os dez melhores na atualidade. O Boca Juniors, da Argentina, lidera o ranking da instituição alemã, com sede em Wiesbaden.