Santos - Uma nova ressaca provocou estragos na cidade de Santos após este final de semana. Não, não se trata do fenômeno natural provocado pela alta das marés. Mas nem por isso seus efeitos deixaram de ser visíveis: estavam estampados na face de todos aqueles que sonhavam com o fim próximo do jejum de títulos do Peixe, que não vence o campeonato estadual há 17 anos.
Perder uma vaga na decisão do Paulistão a vinte segundos do final, e ainda para o arqui-rival Corinthians, foi demais para a cabeça dos torcedores santistas, que literalmente acordaram "de ressaca" no início da semana. As provocações e brincadeiras dos outros torcedores foram inevitáveis. A camisa do Peixe voltou para o armário de casa. “Assim fica difícil. É mais um ano agüentando sarro dos outros”, afirmou o funcionário público Arlindo César, presente este domingo no Morumbi, e um dos que disseram se sentir obrigados a trabalhar segunda-feira de manhã.
Um trauma desses parece difícil de ser esquecido pelos torcedores mais fanáticos. Tanto que nem a psicologia é capaz de explicar. “Toda essa perda precisa ser vivenciada. Sempre se tiram exemplos da derrota, e o torcedor santista não deve abaixar a cabeça neste momento. Não se pode perder a cumplicidade com o seu time, porque a equipe provou estar perto do título”, afirma Lídia Pinheiro, psicóloga formada há mais de vinte anos.
Diferentemente da torcida, os atletas santistas preferiram não falar na eliminação. Quem não desligou o telefone celular, pediu educadamente para não dar entrevistas. Que o amor ao clube está cada vez mais difícil de se ver, isto todo mundo sabe. Mas uma coisa é certa: todos do elenco do Peixe sabiam que poderiam entrar para a história do clube com o título do Paulistão.
Cartolas do Santos pensam em reformulação. Jogadores ficam em silêncio sobre o futuro e a emoção do jogo. Torcedores, com os corações apertados, mais uma vez choram pela triste desclassificação.