Johannesburgo - Uma onda de tragédias em estádios de futebol, que levaram à morte de cerca de 200 pessoas em menos de um ano, não abalou os planos de países da África de se candidatarem para serem a sede da Copa do Mundo de 2010.
Mas os desastres levantam questões sobre as condições de infra-estrutura dos países do continente para abrigar um evento dessas dimensões.
Uma semana após um corre-corre ter resultado na morte de 123 pessoas num estádio em Gana, autoridades das federações de futebol africanas continuavam a dizer que seus países tinham condições de receber a Copa.
O presidente da Fifa, Joseph Blatter, disse que os recentes desastres -- que ocorreram também na República Democrática do Congo, Costa do Marfim, África do Sul e Zimbábue, não afetarão os planos do órgão máximo do futebol mundial para 2010.
``O que a África precisa agora é de orientação e ajuda para aprender com essas lições'', disse Blatter.
O presidente da Confederação Africana de Futebol, Issa Hayatou, disse que os problemas não terão nenhum efeito sobre as candidaturas. Segundo ele, a Europa já passou por tragédias semelhantes e isso não evitou a realização de Mundiais na Itália e na França.
Mas a Fifa, que decidirá qual será o país organizador da Copa de 2010 em 2004, disse que a questão da segurança nos estádios será um dos principais pontos em debate no congresso mundial da entidade, em julho, em Buenos Aires.
Em um artigo no boletim mensal da Fifa, Blatter fez também ameaças veladas. Afirmou que, enquanto a Europa passou por melhorias acentuadas após as tragédias de Heysel e Hillsborough, ``ainda há evidência preocupante de que as lições não vêm sendo aprendidas em outros lugares''.
Um dos alvos dessas críticas é, sem dúvida, a África do Sul. Mas o país, derrotado por margem estreita de votos pela Alemanha na disputa por sediar a Copa de 2006, ainda é o candidato mais forte do continente para 2010.
O país lançará formalmente a sua nova candidatura em setembro, e não deve alterar muito os planos que já havia feito para 2006, descritos como ``bem acima dos patamares mínimos'' requisitados pela Fifa.
O maior desafio à campanha sul-africana deve vir do Marrocos, que na segunda-feira anunciou a sua quarta tentativa para organizar uma Copa. Nas vezes anteriores, o país do norte da África acabou desclassificado em razão da pobre infra-estrutura.
Após a última derrota, o governo marroquino decidiu investir mais de 500 milhões de dólares na construção de novos estádios. E o rei Mohammed ordenou a construção de toda a infra-estrutura esportiva necessária ``o mais rápido possível''.
O Egito é outro candidato africano, embora ainda não tenha revelado detalhes de seus planos. Espera-se também candidaturas da Nigéria e da Tunísia, embora tenham menores chances de ganhar a disputa.