Fortaleza - A Língua Portuguesa consagra a palavra factóide como a representação de uma situação inexistente, mas propositalmente articulada, a fim de causar polêmica e promoção pessoal para o seu criador. Foi exatamente isso que aconteceu na quinta-feira, por iniciativa do atacante Zezinho, do Ceará.
Pela manhã, o jogador alvinegro esteve no aeroporto Pinto Martins para embarcar um familiar de volta à Bahia. Procurado para uma entrevista, aproveitou a oportunidade para ``uma revelação bombástica'': estava abandonado o Ceará por causa de ciúmes dos colegas de elenco.
``Estou deixando o Ceará (..) Têm um certo ciúme, porque hoje eu me tornei uma peça fundamental para o Ceará e talvez seja esse o problema do time não estar rendendo o suficiente. O Zezinho saindo vai ser bem melhor para todo mundo'', afirmou.
Na entrevista, Zezinho fez ainda críticas a diretoria do clube. ``Diversas atitudes que tinham que ser tomadas dentro do Ceará não foram tomadas, principalmente naquele clássico que a gente jogou. Ontem (quarta-feira) teve uma partida e eu pensei que ia mudar alguma coisa e nada mudou (...) Se continuar assim a coisa não vai dar certo''.
Após a entrevista, o atacante foi a Porangabuçu e participou normalmente do treino comandado pelo técnico Júlio Espinosa. Em seguida, procurou a diretoria do Ceará para tratar da renovação do seu contrato com o clube. Zezinho teria pedido R$ 50 mil de luvas e um reajuste financeiro de 100% em seus vencimentos, o que elevaria seu salário mensal de R$ 10 mil para R$ 20 mil.
À tarde, o jogador se apressou em negar o conteúdo da entrevista, dizendo que tudo não passou de uma ``brincadeira'' com a imprensa, afirmando que não pensa em sair do Ceará até 31 de julho, quando acaba o seu contrato. ``Toda vez que vou ao aeroporto os repórteres me perguntam se estou lá deixando o Ceará. De tanto ouvir isso, hoje (quinta-feira) resolvi responder que sim para brincar com eles'', disse.
A provocação de Zezinho ao repórter pode ter sido uma estratégia do jogador para causar uma comoção entre os torcedores alvinegros e pressionar a diretoria alvinegra para renovar seu contrato com bases salariais bem mais vantajosas, além de reafirmar seu poder dentro do Ceará no momento da chegada de um novo treinador.
Para o conselheiro Elísio Serra, no entanto, tudo não passou de uma gozação sem maiores conseqüências. ``Nem eu nem ninguém levamos isso em consideração. O Zezinho às vezes faz umas coisas que a gente não entende, mas é o jeito dele, ele não quis prejudicar ninguém, tanto que pediu desculpas depois ao rapaz''.