Por Fernando Eichenberg
Direto de Paris
Yevgeny Kafelnikov definiu Guga como um Picasso das quadras, mas deixou claro que referia-se apenas às quadras de piso de saibro. O russo acha que Guga não pode ser comparado, por exemplo, à Ivan Lendl, último jogador a ganhar por três vezes o Campeonato Aberto da França, o que poderá ocorrer com o brasileiro, pois ele ainda não teve o mesmo sucesso em outros tipos de pisos, como a grama e o carpete.
“Guga deve provar para o mundo que pode vencer torneios em qualquer tipo de piso. Ele não teve boas atuações em nenhum outro torneio do Grand Slam. Não se pode colocar ele e Lendl no mesmo nível”, disse.
Em relação a sua declaração feita na semana passada, quando dissera que, em suas melhores condições, era melhor do que Guga e Juan Carlos Ferrero em quadras de saibro, Kafelnikov mudou o discurso: “Quando estou jogando o meu melhor, e Guga o melhor dele, é difícil dizer quem é o melhor de nós dois”.
Pouco modesto, como de costume, Kafelnikov disse que Guga tem grandes chances de levar o título pela terceìra vez em Roland Garros, principalmente pelo fato do brasileiro tê-lo batido:
“Os caras que me vencem sempre adquirem uma grande confiança, porque sabem que não é fácil ganhar de mim num torneio de Grand Slam. Normalmente, quem me vence acaba levando o troféu”.
Ao contrário do semblante abatido e ainda incrédulo depois de sua ressurreição na vitória de virada no jogo das oitavas-de-final, hoje Guga estava de bom-humor após despachar Kafelnikov e passar às semifinais do Aberto da França.
Quando soube do elogio do russo, que o definiu como um Picasso das quadras, Guga comentou, provocando risos na sala de imprensa de Roland Garros. “Acho que ele nunca me viu desenhando!”.
Sobre as estatísticas do jogo, revelando que ele correra 3,4 mil metros durante a partida, contra 3 mil de Kafelnikov, disse:
“Tive de correr mais do que ele, mas pelo menos ganhei o jogo. Se tiver de correr de novo para ganhar, não há problema”.