São Paulo – O técnico Emerson Leão, ex-Seleção Brasileira, afirmou que o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, faltou com a palavra ao afirmar, antes da Copa das Confederações, que a competição não valia nada.
“Meu grande erro foi ter acreditado que a Copa das Confederações não valia nada. No final, acabou valendo muito”, disse o treinador, que deu uma entrevista coletiva nesta quarta-feira, na sede da Federação Paulista de Futebol, em São Paulo. Ele criticou de forma indireta a postura do dirigente.
Leão também revelou que, ainda no Japão, local da Copa das Confederações, foi intimidado a enviar à cúpula da CBF a sua lista de convocados para a partida contra o Uruguai, pelas Eliminatórias. “Foi a primeira vez que isso aconteceu. Achei estranho. Nas convocações anteriores, apenas divulgava os convocados para a CBF no dia da entrevista coletiva, quando chegava de manhã para tomar café”.
Segundo Leão, outra forte interferência da CBF ocorreu na convocação para a Copa das Confederações. “O Ricardo Teixeira logo de cara me disse que tais jogadores eu não posso convocar. Isso faria parte de um acordo com os clubes”. O técnico admite que, neste momento, poderia já ter pedido demissão do cargo. “Acho que este foi o meu erro”.
Leão voltou a afirmar que, dois dias antes de sua demissão, no aeroporto de Narita, no Japão, havia recebido garantias de que permaneceria no cargo. “Quem me comunicou foi o Antônio Lopes, mas sei que ele não teve participação nisso. Ele foi apenas um canal de comunicação neste caso”, disse, referindo-se ao coordenador-técnico da Seleção Brasileira.
Emerson Leão aproveitou o assunto para contar que, em oito meses à frente da Seleção, falou apenas por três vezes com Ricardo Teixeira. “A última foi no vestiário, logo após a estréia na Copa das Confederações contra Camarões. Depois, nunca mais o vi”, garantiu, completando que até hoje aguarda uma reunião com o dirigente. “Mas sempre dizem que ele é muito ocupado. “Essa demora toda não me frustra, mas posso dizer que ela faz parte desses nosso erros no futebol”.
O treinador engrossou o coro de que o futebol brasileira está atravessando um péssimo momento. “É toda uma cultura negativa. Precisamos aceitar as derrotas e reformular algumas coisas. Ter disciplina tática e não pensar só no espetáculo. A Argentina precisou da repescagem nas Eliminatórias para a Copa de 94 e soube se reformular. Hoje, Argentina e França são as melhores seleções do mundo”, opinou, encerrando o assunto com uma frase de efeito: “Eu fui fruto de uma cultura negativa. Faço parte da vergonha que o futebol brasileiro passa no exterior”.