Porto Alegre - Uma afronta à Justiça Brasileira. Em resumo, é isto que pensa o Grêmio sobre a assinatura de contrato de Ronaldinho com o PSG enquanto está em vigência a liminar que o impede de deixar o Grêmio sem indenização de R$ 84 milhões.
O jogador firmou vínculo definitivo com o novo clube. O PSG já o inscreveu na Liga Francesa para disputar a temporada, pois as inscrições terminam no dia 27 de julho. Quarta, Assis, procurador e irmão de Ronaldinho, admitiu que o craque está inscrito para disputar o Campeonato Francês. O advogado do jogador, Sérgio Neves, chegou de Brasília ontem à noite.
De Paris, Assis disse, por telefone, que a decisão foi tomada sem receios: “Ele assinou no último final de semana um contrato de inscrição na Liga, que é o mais importante.”
A advogada do PSG, Patricia Moyerson, confirmou ao jornal L‘Equipe a assinatura de contrato, admitindo que o compromisso com o clube está assinado desde o final de fevereiro. Ronaldinho não precisa estar presente hoje, em Porto Alegre, às 15h, em audiência na 26ª Vara da Justiça do Trabalho (ver matéria ao lado). A juíza Mara Antônia Loguércio adiantou que não terá condições de proferir a sentença definitiva sobre o caso.
No encontro da tarde, haverá apenas o depoimento de testemunhas: Emídio Perondi e César Cabral (presidente e secretário da Federação Gaúcha de Futebol), arrolados pelo advogado do jogador, e Marcos Herrmann, vice de futebol do Grêmio em 1998, indicado pelo clube.
“Se ele assinou contrato, melhor para o Grêmio: afrontou diretamente a juíza e ainda tornou-se nosso devedor. Um dia, terá que pagar a dívida. Veja, não estamos impedindo Ronaldo de jogar. Queremos apenas a nossa indenização de direito”, afirmou o advogado do Grêmio, Homero Bellini Jr.
Os advogados de Ronaldinho discordam. Afirmam que o craque não é devedor de ninguém até que todos os recursos cabíveis tenham se esgotado. O próximo passo da equipe jurídica do jogador é pedir o atestado liberatório na Fifa, que solicitará a documentação junto à CBF. O PSG acredita que nem a taxa pela formação do atleta o Grêmio tem o direito de receber, já que o contrato do atacante, que encerrou em fevereiro, era o seu segundo profissional. O primeiro foi entre 1997 e 1998.
Sérgio Neves retornou quinta à noite de Brasília. Em entrevista à Rádio Gaúcha, não revelou o que foi fazer na capital federal - “o segredo é a alma do negócio”, disse -, mas mostrou confiança de que a Justiça será favorável ao jogador. Neves desmentiu Assis, afirmando que o jogador não tem contrato assinado com o PSG. Só que, para ser registrado na Liga Francesa, o atleta precisa ter contrato em vigor com o clube.
Neves acredita que a Fifa deverá conceder licença provisória, baseada no princípio trabalhista de que um homem não pode ser impedido de exercer o seu trabalho. Se for preciso, irá até a última instância, no Tribunal Superior do Trabalho (TST), em Brasília, para tentar cassar a liminar que garante a indenização de R$ 84 milhões ao Grêmio.