Rio - A divulgação do calendário quadrienal feita pela CBF, na semana passada, apesar de continuar causando polêmica, ganhou apoio de quatro federações. O principal fator de discordância entre os dirigentes continua sendo os estaduais, que, segundo eles, poderiam ocasionar transtornos para quem depende do futebol para se sustentar. Mas, mesmo assim, presidentes de quatro federações manifestaram apoio ao projeto nacional, elaborado pela entidade máxima do futebol brasileiro.
A Agência Lancepress! ouviu nesta quinta-feira representantes das federações do Rio Grande do Norte, Mato Grosso do Sul, Bahia, Brasília e Pernambuco. Destas, somente a pernambucana, presidida por Carlos Alberto de Oliveira, repudiou o calendário. O dirigente afirmou ter consultado políticos da região e que o seu maior temor é o risco de vários empregos estarem ameaçados, caso os estaduias sejam disputados conforme à fórmula divulgada.
Em contrapartida, a CBF pode ganhar aliados importantes. Com campeonatos praticamente inexpressivos, os outros dirigentes entrevistados apostam no sucesso do calendário, embora ainda não tenham recebido um comunicado oficial por parte da entidade:
Nílson Gomes, presidente da Federação do Rio Grande do Norte:
”Pelo que fiquei sabendo os clubes grandes do estado gostaram do calendário, mas o restante não teve o mesmo pensamento. Vou ouvir primeiramente os meus afiliados para decidir a minha posição. Mas a princípio a idéia me agrada”.
Francisco Cesário de Almeida, presidente da Federação de Mato Grosso do Sul:
“Fiquei sabendo do calendário através da imprensa, mas acho que é uma fórmula que vai valorizar os nossos campeonatos. Temos duas equipes que vão participar da Copa Centro-Oeste e quando elas voltarem valorizarão os pequenos. Temos problemas de chuvas no início do ano e, por isso, começamos o campeonato em março, o que pode facilitar na disputa de competições paralelas. Podemos discuti-lo, mas encaro com otimismo este calendário”.
Ednaldo Rodrigues, presidente da Federação da Bahia:
“A idéia que tenho ainda é superficial, pois não recebi nada de oficial da CBF. Acho que se deve compatibilizar a disputa do Campeonato do Nordeste com os estaduais. Temos que discutir alguns detalhes, mas estamos dando um passo à frente para organizar o nosso futebol. Esta medida não pode ser vista somente como a do Ricardo Teixeira, pois o ministro Carlos Melles também participou. Só temos apenas de fazer com que os grandes clubes disputem o Estadual e o Nacional simultaneamente. Mas sou a favor da modernização do futebol brasileiro”.
Carlos Alberto de Oliveira, presidente da Federação de Pernambuco:
“Já conversei com políticos da região. Estive em Brasília e no que depender de mim este calendário não vai adiante. Ele vai enfraquecer o nosso campeonato e vai causar muitas demissões. O Brasil é um país continental e não deve seguir o exemplo da Europa. É uma medida ditatorial do Ricardo Teixeira, que tem de cuidar da Seleção Brasileira, que vai muito mal. As federações é que têm de cuidar dos campeonatos estaduais. Este calendário foi elaborado à revelia da Assembléia Geral, não fomos ouvidos e, portanto, vamos lutar para torpedear este projeto”.
Weber Magalhães, presidente da Federação de Brasília:
“É importantíssimo este calendário. É um horizonte que se abre, e precisamos esperar pelo que vai acontecer para depois tomarmos uma posição. Seria um intercâmbio interessante. Mas estamos abertos a mudanças para fazer os ajustes que forem necessários”.