Direto de Porto Alegre – Parece até que a Copa do Mundo vai começar nesta quarta-feira. Na capital gaúcha, o clima é de "pátria de chuteiras", numa mobilização não vista antes nestas eliminatórias para ajudar a seleção brasileira. Jornais, rádios e uma emissora de TV do Estado lançaram campanhas para fazer o torcedor apoiar a seleção. Até os meio-fios de duas das principais avenidas da cidade foram pintados de verde e amarelo, numa manifestação que geralmente se vê apenas na época em que o Brasil vai lutar pelo título mundial.
A mobilização deu certo. No sábado, os ingressos já estavam praticamente esgotados. Nas ruas, é comum se ver à venda bandeiras do Brasil normais e até com os escudos de Grêmio e Inter no lugar do círculo com a frase "ordem e progresso". Mesmo no estádio Beira-Rio, onde treinaram os paraguaios domingo e segunda-feira, o patriotismo aflorou. A bandeira gigante do Inter que geralmente tremula em um mastro foi trocada por uma do Brasil de igual tamanho.
Durante todo o dia, as rádios convocam os torcedores para apoiar a Seleção. Colunistas e editoriais fazem o mesmo em jornais. A TV também mostra todos os dias a mobilização de gaúchos para a partida.
No meio de tanta mobilização, sobram exageros. Há duas semanas, jornalistas esportivos promoveram um jantar de apoio ao técnico Luiz Felipe Scolari contra as críticas que vem recebendo. Em boa parte do noticiário local, a equipe não é mais lembrada como Seleção Brasileira, mas o "time de Luiz Felipe".
O editor de esportes e colunista do jornal Zero Hora, David Coimbra, vê dois motivos para a grande mobilização dos gaúchos: "Em primeiro a situação é, não diria caótica, mas grave. Estão vendo que existe a possibilidade real de o Brasil não ir para a Copa. Em segundo, a tentativa de colocar o Felipão como técnico da Seleção é uma reivindicação popular antiga".
Ele vê diferenças entre o torcedor gaúcho e do restante do país. "Aquilo que se viu no Paraná na semana passada, das pessoas vaiarem, não existe aqui. A torcida vai apoiar o máximo porque quer a vitória, nem que seja sem um bom futebol".