Rio - Os presidentes de federações podem dar um tiro nos próprios pés se conseguirem derrubar o novo calendário quadrienal.
Um novo tumulto na organização do futebol nacional pode ser o estopim para uma intervenção federal na CBF, que afastaria o presidente Ricardo Teixeira de sua direção.
Desde março de 1998, quando a Lei Pelé foi oficializada, o esporte é considerado "patrimônio cultural brasileiro".
O artigo 217 com o 216 da Constituição de 1998 conferem ao Poder Público, com ajuda da sociedade, a proteção do patrimônio cultural brasileiro.
Assim, o governo federal poderia tirar o presidente Ricardo Teixeira do comando da CBF por um determinado período para resguardar um patrimônio nacional, por considerar, por exemplo, que a administração vem sendo exercida de forma danosa aos interessados e que está havendo intranqüilidade entre os envolvidos com o futebol.
A tese é defendida pelo advogado especializado em direito esportivo Marcílio Krieger. “Entre outros motivos, o Estado pode fazer uma intervenção para organizar o calendário do futebol brasileiro até isso ser resolvido.”
Seria discutido na Justiça, mas a pressão e as desconfianças que pesam sobre o presidente Ricardo Teixeira podem influenciar uma necessária decisão da Justiça brasileira.
O também advogado Heraldo Panhoca não discorda da tese e acredita em problemas ainda maiores. “Há um elenco de medidas tomadas ultimamente que justificariam uma intervenção na CBF. O Ministério Público poderia entrar com um pedido de intervenção para salvaguarda desse patrimônio cultural.”
O trunfo do comando da CBF seria contar com uma pressão da Fifa, que poderia ameaçar tirar o Brasil da Copa em caso de intervenção.