Se dentro de campo o América mineiro não tem muito o que comemorar, fora dele, a situação já é um pouco melhor. Através de decisão proferida, ontem, pelo juiz Luciano Pinto, da 13ª Vara Cível de Belo Horizonte, o clube obteve o direito de receber um ressarcimento de US$ 2,1 milhões (cerca de R$ 5,4 milhões) do Cruzeiro, que negociou o lateral-direito Evanilson, em agosto de 1999, para o Borússia Dortmund, da Alemanha, por US$ 7 milhões.
Como havia emprestado o jogador ao Cruzeiro, no início daquele ano, com passe fixado em R$ 550 mil e poucos meses depois, ele já estava sendo transferido para um clube europeu, em um negócio que envolveu cifras milionárias, o América formalizou uma ação judicial, em outubro do ano passado, pedido indenização a título de participação adicional de 30% do valor da negociação, pelos custos que teve com a formação profissional de Evanilson, desde as categorias de base.
De acordo com o advogado José Ornellas de Melo, que representa os interesses do América na questão, a decisão, se confirmada, abrirá um fortíssimo precedente que irá revolucionar a relação entre os clubes de futebol no Brasil.
- Esse é um caso líder, que abre precedente para outras correções, introduzindo um pouco mais de justiça na relação entre os clubes e entre clubes e jogadores. Certamente, será uma decisão revolucionária - disse Ornellas.
Como a decisão do juiz da 13ª Vara Cível é de primeira instância, o Cruzeiro ainda pode apelar para o Tribunal de Alçada de Minas Gerais. E a informação passada pela assessoria de imprensa do Cruzeiro é de que o clube aguarda apenas que a decisão judicial seja publicada no Diário Oficial, o que deve ocorrer hoje, para tomar novas medidas, dentro o prazo de 15 dias após a divulgação.
Porém, ainda segundo o advogado José Ornellas, mesmo que o Cruzeiro apele para o Tribunal de Alçada, a decisão tende a ser favorável ao América, pois o tribunal já havia tomado conhecimento de outros recursos preliminares do Cruzeiro sobre o mesmo caso e em todos o América obteve ganho de causa.
- Nas questões preliminares, quando o Cruzeiro recorreu ao Tribunal de Alçada, o América saiu vitorioso. Agora, resta apenas a questão do mérito - concluiu o advogado americano.
De uma possível decisão do Tribunal de Alçada, que pode ser obtida num prazo de quatro meses, ainda caberá recurso, à parte que se julgar prejudicada, ao Superior Tribunal de Justiça ou ao Supremo Tribunal Federal.